O olhar atento do pequeno Nicolas Bonfiglio, sete anos, acompanhou cada movimento dos aviões que cruzaram os céus da Capital na tarde desta terça-feira (29). Assim como ele, milhares de pessoas tomaram a orla do Guaíba para acompanhar a apresentação da Esquadrilha da Fumaça, em celebração aos 250 anos de Porto Alegre.
A tarde ensolarada, como termômetros se aproximando dos 30ºC, favoreceu a apresentação. As sete aeronaves modelo A-29 Super Tucano do Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira (FAB) realizaram, ao todo, 24 manobras no céu da Capital. A última vez em que o grupo se apresentou em Porto Alegre foi em 2018, para comemorar os 246 anos da cidade.
Entre corações e formas geométricas, a manobra mais especial da tarde foi o “Poa 250 anos” esculpido em fumaça no céu sobre o Guaíba. Na tenda da FAB, quem comandou o espetáculo, apresentando as manobras aos visitantes foi o porto-alegrense André Fontoura, primeiro-tenente aviador piloto número 2 da Esquadrilha da Fumaça.
Desta vez, ele participou da apresentação com os pés no chão, mas com os olhos para o alto. Fontoura explica que, para a manobra da escrita, os aviões alcançaram cerca de 3 mil metros de altura. Para o restante da apresentação, a altitude necessária ficou em torno de cem metros de altura. Já a velocidade das aeronaves variou de 450 a 500 km/h
Foram cerca de 40 minutos de apresentação. O piloto comenta sobre a preparação necessária para a execução das manobras arriscadas.
— Com duas semanas de antecedência, veio um avião para fazer todos os ajustes com a prefeitura e secretarias, órgãos de segurança pública. Tudo requer um planejamento e por conta disso a apresentação ocorre dentro do planejado — explica.
Além dos colegas de FAB, o gaúcho levou um reforço de peso para prestigiar a apresentação: a mãe, Marina, e o pai, Ivan. Natural de Uruguaiana, Marina diz que, após 57 anos morando na Capital, onde casou e criou o filho, já se considera porto-alegrense. Orgulhosa, ela elogiou o evento.
— É emocionante. O coração fica explodindo. É uma adrenalina pura para nós que estamos aqui embaixo, imagina para eles. O show foi muito lindo. Porto Alegre merece — parabeniza.
Na avaliação do tenente Fontoura, uma das manobras mais complexas é o "sete isolado". Os nomes das acrobacias, aliás, provocaram curiosidade entre os visitantes. Além das nomenclaturas com números, como a "cinco e meia" e o "quatrilho", há também aquelas com nomes diferenciados, como "DNA", "bomba", "panqueca", "chumboide" e "barrilzão".
— São 70 anos de história da Esquadrilha da Fumaça e esses nomes surgiram ao longo do tempo. São apelidos carinhosos que o público ou até mesmo os pilotos vão dando para as manobras, e pega — explica o oficial.
Inspirando o futuro
Morador do bairro São João, o pequeno Rafael, seis anos, faltou à aula na tarde de terça-feira especialmente para ver os aviões. Acompanhado do pai, o empresário Roberto Bianco, 43 anos, e da mãe, a pedagoga Adriana Echeveste, 41, o menino vibrou a cada manobra e ficou impressionado ao ver tantas aeronaves ao mesmo tempo. Enquanto observava os caças da Força Aérea, Rafael ensaiava suas próprias manobras com o avião de isopor que ganhou dos pais.
— Eu só tinha visto um em cada lugar, mas achei muito, muito legal. Teve até loop e coração. Eles giraram no ar, se separaram, desligaram o motor no ar — disse o menino.
A professora Michele Cavallcante, regente do grupo de música Sons do Morro, que funciona na Escola Municipal Judith Macedo de Araújo, levou uma turma de 20 estudantes do Morro da Cruz para prestigiar o evento. Ela comenta que ao todo o grupo conta com 70 alunos com idades de oito a 19 anos. A estudante no 9º ano, Isadora Silva, 16 anos, foi uma das alunas presentes.
— É a primeira vez que eu estou vendo. É muito gratificante estar aqui hoje com o meu grupo — comenta.