Demorou um pouco mais que o previsto, mas a última família que ainda reside na área por onde passarão obras da duplicação da Avenida Tronco deve deixar o local neste sábado, às 9h. Na última semana de 2021, Sandra Maria da Rosa, 67 anos, conhecida na região como Mãe Sandra do Bará, assinou o contrato com o Departamento Municipal de Habitação (Demhab) para deixar o terreno no bairro Medianeira, em Porto Alegre, voluntariamente.
Alguns contratempos burocráticos após a virada do ano atravancaram o processo, que foi concluído recentemente. Agora, com a nova casa adquirida de maneira oficial, a família pode se mudar. O lar que irá receber Sandra e seus três filhos com as suas famílias fica no mesmo bairro da Zona Sul, o Medianeira. São cerca de duas quadras de distância.
A duplicação da Avenida Tronco é uma das Obras da Copa de 2014. Desde que a obra começou — em março de 2012 —, 1.469 famílias conseguiram mudar de endereço. E a de número 1.470 foi o da família de Sandra. No mesmo espaço da casa, fica o terreiro da mãe de santo. Ela credita este fator também a um dos motivos que a fizeram ser a última a deixar a área. Achar uma área na região que abrigasse o grupo da mesma maneira e com o mesmo conforto tornou a caminhada ainda mais longa. Questões relacionadas ao terreiro também impediam que a mudança fosse para um ponto distante do atual.
Com um acordo feito entre a família e o Departamento Municipal de Habitação (Demhab), integrante da Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária (SMHARF), foi possível unir os bônus-moradia e fazer a compra na mesma região. Cada morador afetado pela obra que concordou com o bônus recebeu cerca de R$ 79 mil. Com a união dos benefícios, a família de Sandra conseguiu adquirir a residência na mesma região.
Boa parte das áreas com residências que precisavam ser reassentadas pelas obras da Tronco era ocupação de áreas verdes do município. Por isso, durante o processo, a Procuradoria-Geral Município (PGM) também atuou nos casos em que houve envolvimento do Judiciário.
Conforme a PGM, foram 200 processos de desapropriação de imóvel e 16 reintegrações de posse. Também houve encaminhamentos para o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc). No caso de Sandra, a reintegração de posse foi concedida pelo Judiciário. Mas, como houve acordo entre a família e a prefeitura, a ação não foi executada.
Previsão de entrega até dezembro
Atualmente, dos 6,5km da duplicação, 4,8km já estão em uso, o que representa 73% do traçado liberado ao tráfego. Os quatro lotes já têm algum tipo de pavimentação com asfalto, uns com mais trechos, outros com menos, mas todos já chegando nesta etapa da construção. Estão sendo investidos R$ 129 milhões na obra. O trecho 1 e 2 já atingiu 60% de execução, o 3 e 4 está com 80%, conforme o secretário de Obras e Infraestrutura da Capital, Pablo Mendes Ribeiro:
— Ao todo, mais de 70% do traçado de 6,5 quilômetros de extensão já estão prontos para o tráfego.
A previsão de entrega da duplicação é para dezembro de 2022.