Após forte calor registrado nesta quarta-feira (26), uma tempestade no final da tarde aliviou a temperatura, mas trouxe transtornos para a Capital. Trinta minutos de precipitação foram suficientes para alagar ruas, deixar carros ilhados, derrubar árvores e elevar o nível do Arroio Dilúvio e do Guaíba. Além disso, 18 bairros de Porto Alegre ficaram sem energia elétrica em alguns trechos e pelo menos 14 ficaram sem água.
Os principais pontos de alagamento foram registrados nos bairros Menino Deus, Azenha e Santana. A Avenida Carlos Barbosa ficou bloqueada no trecho entre a Rua Coronel Neves e a Avenida Niterói. Já na Avenida Erico Verissimo, um ônibus ficou ilhado durante cerca de duas horas, no sentido à Zona Sul. Do outro lado da via, um motorista não conseguiu vencer as águas.
— Foi muito rápido. Ia levar meus amigos até o Centro, desde a José de Alencar. Tentamos passar, não deu, ele está lá boiando — disse o condutor, Cláudio Fávero, enquanto pedia um serviço de guincho.
O Shopping Praia de Belas teve sua garagem alagada durante o temporal. Em nota, o empreendimento confirmou o problema em parte do primeiro piso do prédio garagem. Não houve danos para o empreendimento nem para clientes. Na manhã desta quinta-feira (27), caminhões com mangueira de sucção estavam no local realizando a retirada da água.
Nas regiões mais altas da cidade, os problemas surgiram com os deslizamentos de terra. Nos morros da Apamecor e da Glória, moradores tiveram casas afetadas por enxurradas. Ninguém ficou ferido. O Corpo de Bombeiros afirma que trabalhou para auxiliar os atingidos. Não há uma contabilização do número de residências afetadas. Além disso, muitas ocorrências de pessoas presas em elevadores, e de árvores caídas sobre vias movimentaram o início da noite na Capital.
Segundo a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), às 18h30min, havia 21 ocorrências de trânsito, entre ruas alagadas e bloqueadas, e semáforos fora de operação. "As equipes de fiscalização e manutenção semafórica da EPTC foram reforçadas e deslocadas para os pontos mais críticos e com mais risco de acidentes para monitorar a circulação, restaurar a sinalização e auxiliar os usuários", informou a empresa.
Por volta das 20h, a Avenida Ipiranga ainda registrava congestionamento desde a Azenha até a foz do Arroio Dilúvio, na altura da Avenida Edvaldo Pereira Paiva.
De acordo o Climatempo, foram registrados 1.220 raios na Capital, sendo que 329 atingiram o solo. Além disso, houve queda de temperatura: às 15h, os termômetros marcavam 36°C e, às 17h, 30°C.
Falta de água e energia elétrica
A falta de energia decorrente do temporal provocou o desligamento de seis estações do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). O problema teve início por volta de 18h em quatro estações de bombeamento de água tratada (Ebats) e duas estações de bombeamento de águas pluviais (Ebaps).
Foram desligadas as Ebats Cascatinha, que abastece o bairro Medianeira; Padre Cacique, que fornece água a Camaquã, Cavalhada, Cristal, Menino Deus, Tristeza, Vila Assunção; Santa Tereza I, que atende Menino Deus e Santa Tereza; e Caieira (Medianeira, Partenon, Santo Antônio e Coronel Aparício Borges).
As Ebaps desligadas por falta de energia são a Vila Farrapos (nº 8, na Rua Jaime Tolpolar, 350), que bombeia água da chuva da região da Vila Farrapos; e a Ebap 19-Santa Terezinha, localizada na Rua Jacinto Gomes, no bairro Santana.
Os moradores da Rua Jacinto Gomes, no bairro Santana, ficaram com água pelos joelhos após a chuva desta tarde. O analista de testes Rodrigo Bock, 38 anos, percebeu que o sinal de internet havia caído e foi surpreendido quando tentou sair de casa.
— A água está batendo nos meus joelhos. Não tem como sair do prédio sem entrar na água. Os moradores mais velhos comentam que antigamente alagava sempre, mas, para controlar isso, fizeram a casa de bombas — comentou.
Na área de concessão da CEEE Equatorial, mais de 47 mil pontos ficaram sem luz, a maioria na Região Metropolitana, segundo a concessionária. A chuva forte, acompanhada de vento e trovões, derrubou árvores em ruas de Porto Alegre e causou diversos pontos de alagamento, a maioria nos bairros Menino Deus e Azenha.
Entre os bairros de Porto Alegre, os que permaneciam com mais trechos sem energia eram Montserrat, Bela Vista, Petrópolis, São José, Santa Tereza, Glória, Azenha, Cavalhada, Cristal, Partenon, Jardim Botânico, Praia de Belas, Santana, Rio Branco, Navegantes, São Geraldo, São João e Aparício Borges. Não havia um prazo estabelecido para o retorno da luz pela CEEE Equatorial.
A Secretaria Municipal da Saúde informou que a unidade de saúde Santo Alfredo ficou alagada com a chuva. Por isso, o local funcionará a partir das 12h de quinta-feira, e não às 8h, como as demais unidades da Capital.
Estragos no Estado
Na área de concessão da RGE, 42,8 mil clientes estavam sem energia elétrica. Já o temporal ocorrido na terça-feira (25) ainda deixava 2,8 mil sem luz, com maior concentração no Vale do Rio Pardo.
Já os estragos provocados pelo temporal da tarde desta quarta-feira interromperam o fornecimento para 40 mil clientes, a maior parte nas regiões Central, Norte e Vale do Taquari.
Na Região Central, o temporal passou rapidamente. Segundo o Corpo de Bombeiros, o vento chegou a 80 km/h, e a chuva durou cerca de 10 minutos. Foi o suficiente para causar estragos. Algumas casas tiveram os telhados danificados. A Defesa Civil local foi acionada, e distribui lonas para as famílias cobrirem as residências, com auxílio dos bombeiros. Além disso, árvores caíram na BR-287, entre São Pedro do Sul e Mata, mas já foram retiradas.