Na noite de quarta-feira (10), uma ação da Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre resultou na captura de 24 escorpiões-amarelos na Praça Dom Feliciano, no Centro Histórico. Vinte e três eram adultos, e um, filhote.
O número é expressivo e proporcional às visualizações registradas na região, de acordo com o gerente da unidade de Vigilância Ambiental, Alex Lamas.
— Em 2021, foram registradas 48 visualizações do animal no entorno da praça, entre as 104 notificações feitas ao Núcleo de Fiscalização Ambiental da SMS por meio do serviço 156 — explica.
O avistamento na cidade quintuplicou em 2021 na comparação com o ano passado, quando foram registradas 21 notificações. Os animais capturados foram encaminhados para o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) do RS. O escorpião-amarelo tem veneno altamente tóxico, capaz de levar à morte em poucas horas — especialmente crianças, pessoas idosas ou com comorbidades. A picada é extremamente dolorosa.
Atualmente, os bairros com incidência de picadas do animal em seres humanos são Centro Histórico, que já registrou dois acidentes neste ano, e Anchieta, na Zona Norte, com uma ocorrência.
Lamas explica que erradicar o escorpião-amarelo é quase impossível:
— Trata-se de um animal que se adaptou muito bem à cidade. O importante é manter medidas de orientação à população, de prevenção a acidentes e de controle à densidade populacional.
A espécie se alimenta de baratas — por isso, é importante o cuidado com a limpeza em residências, comércios e vias —, mas também consegue ficar algum tempo sem se alimentar.
— A maior parte dos animais foi encontrada em poços de telefonia, mas também houve captura no passeio público — ressalta o agente de fiscalização João Luiz da Silva, que coordenou o trabalho no local.
Além disso, a reprodução do escorpião-amarelo independe do macho e é rápida: cada animal gera em torno de 20 a 30 filhotes. O objetivo, portanto, é evitar a sua proliferação. Como o uso de veneno não é possível, pois deixa o escorpião mais agressivo e não é efetivo, a secretaria realiza a captura — motivo pelo qual é tão importante a notificação por parte da população. O órgão estuda agora a possibilidade de utilizar armadilhas adesivas no combate ao animal.
Hábitos do Tityus serrulatus
O escorpião-amarelo adulto tem em torno de sete centímetros. As fêmeas — não há machos na espécie Tityus serrulatus — costumam viver em locais frescos e escuros, como frestas de paredes e pisos, restos de materiais de construção e demolição, ralos, esgotos, encanamentos e caixas de hortaliças. Dentro de casa, o animal pode se alojar em calçados, cortinas e roupas de cama. Ele não costuma atacar, mas se defende quando se considera ameaçado.
Como prevenir
Em regiões onde há confirmação da presença ou circulação do animal, como no Centro Histórico, no bairro Anchieta e na Lomba do Pinheiro, a atenção deve ser redobrada.
- Mantenha os ambientes sem entulhos ou lixo
- Feche frestas nas paredes, móveis e rodapés
- Limpe ralos, pátios e cozinha
- Utilize telas nas aberturas dos ralos
- Mantenha camas e berços afastados da parede e evite que os lençóis toquem no chão
- Verifique calçados, toalhas e roupas antes de usá-los
- Para atividades de manuseio de entulhos e de limpeza, são recomendados sapatos fechados e adequados para limpeza em geral e luvas grossas
- A separação e destinação adequada do lixo são importantes, pois os escorpiões se alimentam principalmente de baratas
O que fazer em caso de picada
A picada do escorpião-amarelo causa dor intensa, inicialmente no local e, depois, no corpo todo. Podem ocorrer náuseas, vômito e aumento de produção de saliva e nos batimentos cardíacos.
A picada por escorpião-amarelo exige atendimento rápido para evitar o agravamento do quadro clínico e até mesmo a morte — especialmente de crianças. O local da picada deve ser lavado com água e sabão, e a pessoa picada deve ser levada imediatamente ao Hospital de Pronto Socorro — Largo Teodoro Herzl s/nº, bairro Bom Fim. O HPS é o único hospital de Porto Alegre que dispõe do soro necessário para o tratamento desses casos.
O que fazer em caso de avistamento
Se encontrar escorpiões-amarelos, não tente eliminá-los, pois podem ocorrer acidentes. Ligue para o número 156 e informe endereço completo, nome e telefone para contato. A notificação também pode ser feita pela internet (opção: Saúde - SMS - Escorpionismo).