As bruxas, os animais, os monstros, as heroínas e os heróis retornaram ao seu antigo endereço: a Bebeteca em Canoas, na Região Metropolitana. Os personagens lúdicos, assim como muitos profissionais, precisaram se ausentar de seu emprego por conta da pandemia. O local ficou um ano e meio fechado e foi reaberto em outubro deste ano.
Quem mais sentiu falta do lugar foram os pequenos leitores. A diretora de Linguagens Culturais, Cristina Colares, conta que as crianças iam no vidro da entrada do prédio da Biblioteca Pública Municipal João Palma da Silva, que é onde fica a Bebeteca, e ficavam olhando para a sala colorida, com saudade.
Na semana passada, na segunda vez em que a Bebeteca recebeu visitantes depois da reabertura, 27 crianças estiveram presentes. Eram duas turmas escolares: o maternal da Escola Municipal de Educação Infantil Vovó Doralice, que abrangia nove pequenos. A outra, de 18 estudantes, era do 1° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias. Os dois grupos foram até o local com o transporte disponibilizado pela Secretaria de Educação de Canoas.
Estímulos
Na ocasião, a contadora de histórias Hellen Serpa Bueno leu Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado, aos alunos do 1° ano. A leitura foi escolhida em alusão ao Mês da Consciência Negra e porque eles já possuem um entendimento maior sobre a questão social que o livro aborda. A personagem principal da obra desperta a admiração de um coelho branco, que deseja ter uma filha da mesma cor que ela, que é negra. A professora da turma, Carla Rocha, conta que esta experiência trará resultados na alfabetização das crianças, uma vez que eles saem de dentro da rotina "e isso traz mais estímulos".
A pequena Rafaella Centeleghe Adami, de sete anos, contou que não tem um livro favorito mas que lê "faz tempo".
— Eu aprendi a ler em casa, o meu pai me ensinou. O que eu mais gostei aqui (na Bebeteca) foram os livros — afirma.
Para a turma do maternal, a obra lida foi a fábula O Leão e o Rato, de Esopo e Jean de La Fontaine. A professora do grupo, Gabriela Severo, falou que, como as crianças têm uma imaginação fértil, estes lugares são importantes, uma vez que cada um interpreta a história de maneira única.
— Aqui tem muito mais livros do que temos na escola. Isso faz com que a gente consiga contemplar todos eles, com os assuntos que cada um gosta. Por mais que eles não saibam ler ainda, a interação com o livro desperta a imaginação — avalia a profe.
Livros passam por limpeza
E a professora Gabriela Severo tem razão. A aluna Nicole da Silva Batista, de apenas quatro anos, disse que seu livro favorito é Cachinhos Dourados e os Três Ursos. Quando questionada sobre o que sente quando escuta uma história, ela respondeu "bonita". Estava com um livro sobre bruxas e monstros na mão, folheando, e contando a história que acabara de inventar.
A Bebeteca existe há 10 anos e, atualmente, é coordenada pela bibliotecária Regina Pelissaro e pela diretora Cristina. O local é aberto ao público em geral e requer marcação de horário. Todos os livros que estavam disponíveis às crianças e que foram manuseados passarão por uma limpeza e ficarão sem manuseio durante cinco dias. Estes processos fazem parte do protocolo que a Biblioteca Municipal adquiriu durante a pandemia.
Saiba mais
- Fica junto à Biblioteca Municipal João Palma da Silva (Rua Ipiranga, 105, Centro).
- São oferecidos momentos de contações de histórias para o público em geral e escolas com turmas de Educação Infantil e Fundamental I, a partir de agendamento pelo e-mail bibliotecamunicipal@canoas.rs.gov.br ou pelo telefone 3425-7702, ramal 2, opção 2.