Porto Alegre deve embarcar em uma nova tentativa de explorar o potencial hidroviário do Guaíba. Um projeto de chamamento público será lançado para que sejam feitos estudos indicando possibilidades viáveis para o transporte aquático de passageiros nas áreas da Capital e da Região Metropolitana. A ideia é cobrir o trecho entre a Ilha da Pintada e o Belém Novo, com roteiros e terminais hidroviários a serem definidos.
Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU), o edital de convocação para empresas interessadas em fazer essa pesquisa deve ser publicado ainda este ano. Esta etapa funcionará como uma avaliação de mercado. Depois, uma nova licitação deve ser feita, caso se encontre alternativas válidas durante o estudo, para que a operação seja colocada em prática.
— É uma demanda recorrente, da população e dos gestores, aproveitar as possibilidades que o Guaíba oferece. Mas precisamos fazer essa pesquisa, ver as possibilidades de modelos de negócio que podem ser viáveis — explica o engenheiro da coordenação de assuntos estratégicos da SMMU, Marcos Feder.
Segundo ele, desde que o catamarã entrou em operação, em 2014, já foram tentadas algumas rotas e serviços que se mostraram não lucrativos para possíveis operadoras. Foi o caso de uma linha entre o Centro e o bairro Cristal, que esteve ativa de maneira experimental por um tempo, mostrando-se não atrativa financeiramente. Também houve licitação para um trajeto entre Porto Alegre e a Ilha da Pintada, que não teve interessados.
— É preciso verificar questões como modelos de barcos, tipos de concessão e outras fontes de receita que não apenas a passagem. Como comércio nas estações ou turismo, por exemplo. Até parcerias com empreendimentos já existentes é uma possibilidade. Já se concluiu que, possivelmente, essa operação com base apenas na cobrança de passagem não seria viável — aponta Feder.
O engenheiro acrescenta que o Plano Hidroviário Metropolitano indica oito pontos de parada e embarque: Ilha da Pintada, Usina do Gasômetro, Beira-Rio, Vila Assunção, Tristeza, Ipanema, Belém Novo e próximo da Arena do Grêmio. Porém, não está excluída a possibilidade de outros locais, caso se mostrem interessantes para a operação.
O secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Luiz Fernando Záchia, reforça que a ideia é conversar com o mercado:
— Queremos esse estudo para que se possa ter alternativas.
Em levantamentos anteriores, segundo a SMMU, um comparativo de trajeto entre a Ilha da Pintada e o Centro da Capital mostrou que, por terra, seriam 17,5 quilômetros percorridos em aproximadamente 40 minutos. Pela água, a distância encurtaria para 4,2 quilômetros, percurso realizado em cerca de 12 minutos.
A CatSul, por ser empresa de propósito específico, não poderia participa de nenhuma outra travessia além da qual foi venceu licitação e opera. Porém, o engenheiro Carlos Bernaud, diretor de operações do grupo Ouro e Prata, do qual faz parte a CatSul, destaca que há interesse do grupo:
— Dependendo da viabilidade econômica e das condições que devem constar no edita.