A manhã desta quinta-feira (12) foi de protesto de trabalhadores do transporte coletivo em Porto Alegre. O grupo se manifestou contra o projeto de desestatização da Carris, apresentado pela prefeitura e que pode levar à privatização da empresa, e contra a proposta que prevê a extinção gradual dos cobradores de ônibus.
Após percorrer diferentes ruas e avenidas da área central, o ato foi encerrado em frente ao Paço Municipal. Mesmo com a liberação das vias, o trânsito seguiu lento na região, mas foi totalmente normalizado por volta das 10h30min.
A lentidão afetou a freeway e as avenidas Castello Branco e Mauá. Houve reflexos também no Túnel da Conceição e nos demais acessos ao Centro Histórico, pelos bairros Bom Fim, Floresta e Farroupilha.
Durante a manifestação, os rodoviários se dividiram em três grupos, seguindo por vias que levam à região central: João Pessoa, Osvaldo Aranha e Farrapos. Pouco depois das 9h, eles se encontraram nas proximidades da Rodoviária, quando seguiram em direção à prefeitura.
Mais cedo, no começo do ato, os rodoviários caminharam em frente aos ônibus, dentro dos corredores, forçando os coletivos a diminuírem a velocidade. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e a Brigada Militar acompanharam o protesto.
O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários alega que a proposta do Executivo sobre a Carris coloca em risco o emprego de mais de 2 mil pessoas. Por isso, os funcionários optaram pela manifestação:
— Não temos como ir para a frente de uma fábrica, temos que ir onde o trabalhador está, e é ali que vamos manifestar nossa indignação contra esse projeto, que tem muitas pontas soltas. Está para vir o desemprego do cobrador e dos trabalhadores — afirma o presidente do sindicato, Sandro Abbade.
Após o fim do ato, em frente ao Paço Municipal, os rodoviários foram recebidos pelo prefeito Sebastião Melo. Conforme a prefeitura, foi reforçada a disposição do município de manter o diálogo com a categoria e foram detalhados os pontos dos dois projetos que envolvem o transporte coletivo, a desestatização da Carris e a retirada escalonada dos cobradores de ônibus.
— Hoje, os dois maiores desafios dos gestores envolvem o enfrentamento à pandemia e o transporte público. O atual sistema faliu. Mesmo sem dinheiro em caixa, a prefeitura aportou recursos para não parar as linhas de ônibus, mas não há mais condições de manter este modelo — afirmou Melo.
Impactos aos passageiros
Desde as 7h45min, um dos grupos ocupou o corredor de ônibus da Avenida Farrapos, na zona norte da Capital, fazendo com que os coletivos circulassem com lentidão atrás dos manifestantes. Às 8h, havia 15 sindicalistas na passeata e uma fila com dezenas de veículos.
Alguns ônibus desviavam para a faixa dos automóveis de passeio, o que afetou também o fluxo para carros. Parte dos passageiros desistiu da viagem.
— Tenho uma consulta agora no hospital, como vou chegar lá? Eles têm o direito de protesto, mas como fica o meu direito? — reclamou Valdelina Cardoso, 60 anos.
Depois de uma hora de protesto, as calçadas ficaram tomadas por pessoas que desceram dos ônibus e seguiam a pé ao Centro. Às 8h40min, um coletivo tentou furar o bloqueio e houve troca de ofensas.
— Preciso trabalhar também — gritou uma passageira pela janela.