Na véspera do aniversário de 70 anos, Lucio Schossler concluiu um desafio que ele mesmo se fez. Durante uma semana, o porto-alegrense percorreu 70 quilômetros de bicicleta, todo dia, provando que está mais jovem do que nunca.
– Às vezes eu até me pergunto: será que não me registraram errado? – ri ele. – Minha cabeça e meu corpo não têm essa idade.
Schossler pedala por esporte há duas décadas. Em 2003, se interessou por uma modalidade de ciclismo de longa distância, chamada de Audax. Fez a primeira prova de 200 quilômetros sem experiência.
Até chegou ao final dela no tempo proposto, em menos de 10 horas. Não sem algum custo.
– No banho, a água caiu no lombo e, quando passou pela bunda, chegou a faltar ar. Fica assado, né? – conta, aos risos. – Ali eu disse: nunca mais na vida, isso é loucura.
Mas depois ele comprou uma pomada, descansou um pouco e já começou a pensar na próxima prova. Fez percursos de 300, até 400 quilômetros pelo sul do Brasil.
Ali pelos 60 anos, começou a praticar Mountain Bike. Rodou boa parte do Estado por estradas de chão, especialmente em direção à Região Sul (Camaquã, Tapes, São Lourenço do Sul, Pelotas…).
Bacharel em Aadministração e Psicologia, Lucio se aposentou há três anos, depois de dedicar a carreira à área de treinamentos e desenvolvimento pessoal. E seguiu pedalando. A pandemia foi a única coisa que conseguiu prender ele e as bikes em casa, por quatro meses.
– Até usava a bicicleta no rolo, que é quando tu prendes ela e não sai do lugar. Mas é um saco, me sentia um ratinho na gaiola. O bom da bike é ter contato com a rua.
Voltou a pedalar na rua assim que se sentiu mais seguro. Como é um esporte solitário – mesmo quando está com a equipe de ciclismo, mantém uma distância –, usa esse tempo para refletir sobre a vida.
– É uma certa meditação. Claro que você fica atento ao trânsito, aos buracos da estrada. Mas dá tempo para pensar, para lembrar de coisas...
Foi numa pedalada que ele inventou o desafio dos 70 quilômetros por dia até chegar aos 70 anos. Foi para a zona sul de Porto Alegre num dia, para Sapucaia do Sul no outro, Gravataí na sequência. E foi alternando as bicicletas para testar o desempenho – ele tem oito.
GZH recebeu ele na volta do treino nesta quarta-feira (24), em pleno aniversário, em frente ao apartamento onde mora, na Rua Anita Garibaldi. Mas completar o desafio não soa, nem de longe, como uma despedida. Lucio não tem intenção nenhuma de "pendurar os pedais".
– Até já pensei no desafio 80. Oito dias, 80 quilômetros, será? Quando chegar lá, a gente vê.