Quem já desconfiava que está ficando maluco na pandemia deve ter acreditado ao ouvir som de elefante pelas ruas de Porto Alegre. E, para piorar, ele vem de tudo que é lado, por terra e pelo céu.
O barrido é parte da estratégia de marketing do Circo Fantástico, que se apresenta desde a última semana na Avenida Praia de Belas. Primeira cidade onde levanta as lonas depois de oito meses, o circo está investindo R$ 6 mil por semana na divulgação por som.
A propaganda é feita por meio de um avião, que sobrevoa a cidade a cerca de 300 metros de altura, e por três carros, circulando da Zona Norte à Zona Sul. Um deles, reboca uma escultura do bicho, de mais de dois metros de altura.
— É pra chamar atenção, porque se tu colocas só o carro de som anunciando, fica uma coisa normal. Já com o elefante, não, o barulho chama a atenção e a criançada fica tirando foto — explica Mário Júnior, 42 anos, gerente do espetáculo.
A estrutura de fibra de vidro é o único elefante que os clientes vão encontrar no circo, até porque a legislação gaúcha proíbe animais nas exibições. Em contrapartida, o Fantástico promete tudo o que costuma ter um circo raiz: mágico, acrobatas, palhaço, trapezista e um globo da morte com cinco motos.
Mario conta que o período parado em razão das restrições para reduzir a disseminação da covid-19 foi difícil, e muitos circos fecharam. O Fantástico, que tem uma trajetória de 25 anos, precisou se desfazer de carro e de outros bens para sobreviver. Com sede no Paraná, estava desde o começo do ano em Santa Maria, esperando a situação normalizar.
No primeiro final de semana na Capital, o movimento ficou abaixo do esperado: com capacidade para 1,1 mil pessoas, tem permitido só 250 por sessão e, mesmo assim, compareceram cerca de cem. Mas Mario está confiante que o circo vai reconquistar seu respeitável público. Nem que seja no grito.