Autorizados a operar aos sábados pela primeira vez em quase um mês, shopping centers de Porto Alegre viraram destino de passeio para famílias e casais em uma tarde fria e chuvosa. De acordo com o decreto da prefeitura publicado na última terça-feira (1), os pontos de comércio não essencial dentro dos centros de compras agora podem operar do meio-dia às 20h. O varejo de rua está liberado para abrir as portas entre 9h e 17h.
A reportagem de GZH circulou por dois dos maiores shoppings da Capital no início da tarde deste sábado (5). No Iguatemi, o movimento era intenso. Muitos restaurantes e cafés estavam com a capacidade máxima permitida. Em alguns locais, havia filas à espera de mesa.
A técnica em enfermagem Soleci Barboza, 60 anos, resolveu acompanhar a filha, a produtora de moda Júlia Barboza, 23 anos, para que a lista de itens a serem adquiridos fosse cumprida no menor tempo possível. Funcionária do Hospital de Clínicas, Soleci ficou espantada com a grande quantidade de gente sem máscara nas áreas de alimentação.
— Muitas crianças, famílias inteiras. Acho péssimo. Nós viemos por necessidade e para fazer tudo bem rápido. As pessoas estão cansadas, mas acho que muitas ainda não viram alguém doente — observou a técnica em enfermagem, que tem diversos colegas que já foram infectados pelo coronavírus.
No Praia de Belas, a movimentação era menor. A maior parte dos frequentadores parecia aproveitar apenas para caminhar e olhar vitrines. Uma família que não quis se identificar disse estar levando uma idosa para "tirar o pó" depois de quatro meses e meio dentro de casa — a senhora usava incorretamente a máscara no rosto, deixando o nariz à mostra.
Paulo Araujo, 48 anos, supervisor de futebol, e a esposa, Lidia Neves Araujo Carvalho, 44, levaram o filho, Patrick, 12 anos, para almoçar. Depois, buscavam um presente para o garoto, uma espécie de mimo pelo cumprimento de tantos meses de distanciamento social.
— Me senti meio estranho porque tem muita gente — comentou Patrick, aluno do 6º ano do Ensino Fundamental, que vem se dedicando a aulas online, sem lazer fora de casa.
O motorista de aplicativo Antônio Carlos da Rosa e a manicure Patrícia dos Santos Vargas, ambos de 30 anos, investiram quase R$ 600 em peças para o enxoval da filha, Antônia, que deve nascer em dezembro.
— Tenho comprado quase tudo pela internet. Fico em casa para me cuidar. Hoje ele pôde vir comigo — explicou a gestante.