Resistindo à instabilidade do clima, uma única expositora do Brique de Sábado da Redenção, em Porto Alegre, compareceu ao local na manhã deste sábado (5). Dividindo espaço com os expositores da feira de produtos orgânicos, também realizada na Rua José Bonifácio, a cozinheira Rosane de Souza, 54 anos, montou sua barraca de plástico solitária.
– Estou indo à luta – afirma a comerciante.
Desde 15 de março, o Brique estava proibido no local, devido à pandemia de coronavírus. O evento foi autorizado pela prefeitura em 27 de agosto, por meio de um decreto que prevê algumas mudanças na estrutura, e seria retomado no último final de semana, nos dias 29 e 30 de agosto. Contudo, o mau tempo na Capital afastou os expositores, que preferiram adiar a retomada.
Na semana passada, estava previsto o retorno das 25 bancas de antiquários e alguns artistas plásticos. Para este sábado (5), a expectativa dos organizadores era reunir 81 estandes. Mas só Rosane compareceu.
Com poucos clientes, até mesmo vagas para estacionar eram facilmente encontradas - algo raro na região do bairro Farroupilha. Mesmo com a rua "exclusiva" para si, o movimento foi abaixo do esperado por ela.
Em quatro bacias plásticas, Rosane acondicionou mais de cem lanches caseiros, entre pastéis, empadas e bolos. Alguns deles, feitos sob encomenda, aguardavam serem retirados. Mas a maioria deve voltar para casa:
– Olha aqui quanto pastel - autônoma comenta, mostrando uma bandeja repleta do assado.
Isso aqui tinha fila de gente pra comprar.
ROSANE DE SOUZA
comerciante
A banca de Rosane chama Delícias da Therezinha e está no mesmo ponto há 29 anos. Segundo ela, pertencia à mãe do marido, o também vendedor de lanches prontos Assis Brandt de Lima, 53 anos.
– Isso aqui tinha fila de gente pra comprar. Agora não chega a 40% – lamenta.
Os dois são moradores do bairro Parque São Sebastião, na zona norte da Capital. Para expor no Brique de Sábado, o casal sai de casa às 6h, e permanecem na Redenção até o encerramento da feira, por volta das 18h. Assis teme pelo futuro do Brique:
– Muitos disseram que não vão voltar mais - comenta.
Para domingo (6), são esperados 70 artesãos, 35 antiquários, 12 artistas plásticos e quatro feirantes da área da gastronomia — que servirá produtos apenas para levar, já que o consumo de alimentos no local é vedado.
Integrante da comissão do setor de artesanato do Brique da Redenção, e frequentador da feira há 10 anos, o pintor Edegar Rissi diz que reuniões foram realizadas durante a semana para organizar a retomada. Ele acredita que, caso não haja temporal, os artesãos comparecerão neste domingo (6).
– Estamos muito ansiosos e esperando muito pelo retorno. Todos estão muito fragilizados economicamente - diz o artista.
A autorização para que feiras na Capital possam ocorrer exige algumas regras para a realização, como:
- Proibição de consumo ou degustação de produtos na área das feiras
- Distanciamento mínimo de cinco metros entre as bancas
- Distanciamento interpessoal mínimo de um metro e meio no atendimento e nas filas, vedada a aglomeração
- Uso de máscara por clientes e colaboradores quando da entrada e na circulação nos espaços das feiras
- Disponibilização nas áreas de acesso à feira, bem como no interior das bancas, de álcool na concentração 70% ou outra solução sanitizante, para higienização dos feirantes e clientes