Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta sexta-feira (10), o presidente do Sindicato da Indústria e da Construção Civil do RS (Sinduscon), Aquiles Dal Molin Júnior, falou sobre o impacto econômico no setor após o fechamento da atividade em Porto Alegre. Aquiles defendeu que o Paço Municipal adote um olhar socioecônico sobre os decretos adotados e avalie o risco de contágio das atividades.
— Foram 62 dias de trabalho (quando foi permitido o retorno após paralisação em abril), com 27 mil trabalhadores, sem que houvesse nenhum contágio registrado nos nossos controles. O setor se movimentou muito rapidamente, cumpriu protocolos rigorosamente. Fazemos uma avaliação semanal de todas as empresas associados controlando os canteiros de obras, e não houve um caso, comprovando que a nossa atividade, pelas características, não é um setor de contágio — avalia Aquiles.
Com a decisão do prefeito Nelson Marchezan, em decreto publicado no dia 23 de junho, apenas as indústrias em setores essenciais poderão funcionar na Capital, casos de ramos como alimentos, embalagens, limpeza e equipamentos e acessórios para proteção pessoal e profissional. Na construção, o atendimento só é permitido em serviços de saúde, segurança, educação e assistência social.
Segundo o presidente da Sinduscon, "se na primeira paralisação não houve demissão no setor, agora nessa segunda ela começa sim a prejudicar cada vez mais o caixa e poderá haver um movimento de demissão".
— Esse setor tem uma grande condição de empregabilidade e relevância economia. Movimentamos muito a economia da cidade. (...) A gravidade que estas medidas trazem são muito grandes, isso deve ser considerado também. O governo municipal deveria considerar não só leitos de UTI ocupados, mas também o risco de contágio que as atividades apresentam — afirma.
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Sobre as reivindicações de Aquiles Dal Molin Júnior, a prefeitura de Porto Alegre, em nota, diz que "o governo municipal já teve duas reuniões com a direção do Sinduscon-RS, sendo que um terceiro encontro está agendado para esta sexta-feira" e que "em todas as oportunidades foi destacado que as ações restritivas são necessárias para limitar a circulação das pessoas, diminuindo assim a propagação da covid-19".
Leia a íntegra da nota da prefeitura
"Desde o dia 23 de junho, com a publicação do decreto de número 20.625, que fechou as atividades da construção civil, o governo municipal já teve duas reuniões com a direção do Sinduscon-RS, sendo que um terceiro encontro está agendado para esta sexta-feira. Em todas as oportunidades, foi destacado que as ações restritivas são necessárias para limitar a circulação das pessoas, diminuindo assim a propagação da covid-19. As reuniões contaram com a presença dos secretários municipais de Saúde, Pablo Stürmer, de Relações Institucionais, Christian Lemos, e do secretário extraordinário de Enfrentamento do Coronavírus, Bruno Miragem. O Executivo está sempre à disposição para dialogar com todos os setores da economia, fundamentando e defendendo as decisões do comitê de combate ao coronavírus com dados científicos, com foco na preservação da saúde de toda a população."