Porto Alegre

Barreira física

Obra que poderia evitar enchentes em Alvorada é planejada desde 2013, mas nunca saiu do papel

Um dique poderia contar as cheias do rio Gravataí e do Arroio Feijó, que atingem a cidade

Alberi Neto

Repórter da RBSTV

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Félix Zucco / Agencia RBS
egundo Metroplan, ainda não há prazo para o início dos trabalhos

Cada vez que um período chuvoso afeta os rios que passam pela Região Metropolitana, um dos locais mais atingidos é o Rio Gravataí e os arroios que desembocam nele – principalmente, o Arroio Feijó, em Alvorada. Resolver o problema passa pela construção de um dique. A obra, entretanto, não começou até hoje.

Quando o nível da água sobe, a região dos bairros Americana e Nova Americana costuma alagar. A proximidade destas comunidades, tanto com o rio quanto com o Arroio Feijó, influencia nesta infeliz rotina. O problema da região é daqueles em que solução existe – a parte difícil é colocá-la em prática. Conter as cheias do Gravataí depende da implantação do dique que costeará parte de Porto Alegre e Alvorada. 

Mas, para além da barreira física que impedirá a passagem da água, é preciso implantar casas de bombas e outras estruturas que consigam levar água para o rio e evitar que os arroios transbordem.

Andamento

Apesar de a luta por essa construção ser antiga e muito conhecida dos moradores de Alvorada, em termos de oficialização, foi só em 2013 que a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) deu o pontapé inicial nos trabalhos. O assunto fica a cargo da entidade pois engloba vários municípios, tornando-se um trabalho de interesse estadual.

Mas, o que aconteceu nestes oito anos anos? Desde 2013, mesmo com estudos e projetos, os trabalhos nunca saíram do plano das ideias. E isso está ligado a dois fatores: o tamanho da obra e a burocracia do sistema público.

Diretor do Departamento de Incentivo ao Desenvolvimento da Metroplan, Dilson Rui Pila da Silva explica que, atualmente, a obra se encontra na fase de estudos que demonstram o impacto ambiental da obra, que serão grandes. A expectativa do órgão é que esses trâmites se concluam até o final do ano. Porém, mesmo depois disso, ainda não há prazo para que as obras iniciem ou sejam concluídas.

Félix Zucco / Agencia RBS
Obra será cara: mais de R$ 1 bilhão

– O tamanho dessa obra exige a criação de uma comissão entre os municípios. Depois disso, temos de passar por audiências públicas e ainda contar com a participação dos gestores locais para entender que comunidades terão de ser reassentadas para que as obras aconteçam. Isso ainda dependerá de toda negociação com essa comunidade. É um trabalho árduo e longo – sintetiza Dilson.

Obra custaria mais de R$ 1 bilhão

No total, os trabalhos devem demandar R$ 1,2 bilhão, com uma estrutura de cerca de 27 quilômetros. Atualmente, a Metroplan já tem, garantidos, R$ 228 milhões. Na perspectiva de Dilson Rui Pila da Silva, diretor da Metroplan, o problema maior, na região do Arroio Feijó, será resolvido com o passar do tempo. Depois, as demais áreas dependerão do empenho para conseguir mais verbas. Entretanto, a entidade não trabalha com prazos. 

– A parte do licenciamento ambiental termina em dezembro. Depois, partimos para os projetos de engenharia. Mas também temos todos o trabalho com os municípios. Não é algo que depende só de nós, são muitos agentes públicos envolvidos.

Problema virou rotina

Félix Zucco / Agencia RBS
Gilmar ouve falar sobre a possível solução há 30 anos

Para quem vive na região que costuma ser mais afetada pela falta do dique de contenção das cheias, os prazos e promessas dos órgãos públicos já viraram história. Tem gente que cobra até vereador que prometeu tomar água de arroio se o problema não fosse solucionado em um determinado prazo. Pois bem, até hoje, não há nem dique nem quem beba a água do Arroio Feijó, que agoniza pela poluição de anos. Quem lembra da promessa é o morador do bairro Americana Gilmar Barbosa da Silva, 51 anos.

– Desde semana passada, estamos aí, ilhados mais uma vez. É um problema que a gente nunca viu solução. Faz 38 anos que moro aqui, há uns 30 falam disso. A cada cheia, nossa rotina é correr para salvar nossas coisas. Até quando será assim? – questiona o morador.

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