Porto Alegre

Enchente

"Fé eu tenho, mas esperança de melhorar, não", diz moradora com a casa alagada em Alvorada 

Cinco dias depois da última chuva, várias ruas do bairro Americana, às margens do Arroio Feijó, ainda estão cobertas de água

Eduardo Paganella

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Eduardo Paganella / Agencia RBS
A reportagem circulou de barco por pontos das ruas Beira-Rio, Marques do Pombal e Americana

Não é mais novidade para a dona Marli Freitas, de 62 anos, a elevação do nível do Arroio Feijó, no limite entre Porto Alegre e Alvorada. Há quase 40 anos, ela vive na Avenida Beira-Rio, às margens do curso d'água, e já viu muitas enchentes no bairro Americana.

— Fé eu tenho, mas esperança de melhorar, não. Eu tenho fé de que vou ficar bem. Mas aqui não vão arrumar nunca. Dá um desespero na gente — lamenta Marli, ao voltar para casa depois de dois dias na casa de familiares. 

Cinco dias depois da última chuva, várias ruas do bairro Americana ainda estão cobertas de água, e dezenas de moradores tiveram de sair de casa. A reportagem circulou de barco por pontos das ruas Beira-Rio, Marques do Pombal e Americana. Diante de tanta água, muitos moradores usavam um macacão conhecido como  jardineira, cobrindo até o peito. 

— Quase todo mundo tem, de tanta enchente aqui — comentou um dos residentes na região. 

Na Rua Americana, Katia Bernardo, de 32 anos, caminhava em meio às águas levando pertences sobre colchão inflável usado como boia. Ex-funcionária de um shopping, a mulher está sem trabalhar desde o início da pandemia. Ela e o marido tiravam pertences de casa e levavam para um local mais seguro.

— Aqui todo mundo perde alguma coisa sempre. É complicado. A gente tira o que pode, coloca algumas coisas sobre os bancos e torce para a água não subir tanto — disse, enquanto puxava o colchão inflável. 

Na rua Marquês do Pombal, Luis Carlos Laurentino, de 48 anos, puxava um barco com um remo dentro. Ao ser perguntado do porque estar fora da embarcação, ele brincou: 

— Aqui está raso.

Eduardo Paganella / Agência RBS
Luis Carlos Laurentino, de 48 anos, puxa um barco na rua Marquês do Pombal

Laurentino perdeu a pia e uma estante, consumidas pela água. Ao longo da tarde de hoje, ele circulou pela região ajudando moradores a tirar pertences de casa. 

— Eu ajudo os moradores aqui. Um ajuda o outro. A gente não cobra nada. Sempre foi assim — complementou.  

Apesar das águas terem baixado de nível nos últimos dias, os moradores temem uma nova elevação do Arroio Feijó.  Por meio de nota, a prefeitura de Alvorada informou que 35 famílias estão fora de casa devido aos alagamentos. 

"As águas já baixaram 17 milímetros, mas ainda não tem previsão para que essas pessoas possam retornar a seus lares", informou o poder público. Ainda segundo a prefeitura, a Defesa Civil "segue fazendo o trabalho de prevenção e desassoreamento de todos os arroios do Município."

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