Depois de a reportagem de GaúchaZH destacar o esforço de uma professora atrás de sua cachorrinha desaparecida, o animalzinho foi encontrado, na manhã desta terça-feira (14). A maltês Brisa, de quatro anos, fugiu após a tutora, a professora Rosângela Paludo, 48, capotar o carro no bairro Menino Deus, na tarde desta segunda-feira (13).
Uma campanha foi criada nas redes sociais, com postagens que superaram 5 mil compartilhamentos. Buscas na região foram realizadas de forma incessante, nas ruas próximas ao local da ocorrência. Porém, Brisa já estava abrigada: havia se escondido na garagem do condomínio da bancária aposentada Susana Maria Schmidt de Almeida, 57 anos, a uma quadra de onde ocorreu o acidente.
—Às 5h30min, o jornaleiro disse que tinha visto uma cachorrinha escondida no meio dos carros. O porteiro me avisou e eu lembrei da história da Brisa. Mas aí saiu um automóvel da garagem e ela não foi mais encontrada, o que me preocupou — relembra a bancária.
Assustada com a movimentação nessa manhã, Brisa subiu para o andar superior, e só foi localizada próximo das 7h, com a troca de turno dos prestadores de serviço do prédio. Acuada e rejeitando água ou comida, foi levada até o apartamento de Suzana. Enquanto a filha oferecia ração e água, a bancária procurou o telefone divulgado para informações sobre o paradeiro da cachorrinha. Praticamente sem dormir, preocupada com sua pet, e ainda com muitas dores desde que teve alta do Hospital de Pronto Socorro (HPS), a professora diz ter ficado emocionada quando recebeu uma foto pelo WhatsApp, com o aviso: “Brisa está comigo. Está bem. Fique tranquila”.
No reencontro, próximo das 11h, Brisa tremia. Em um primeiro momento, correu no sentido oposto de Rosângela, mas logo que a reconheceu, retornou e saltou em seu colo, de onde não desceu mais. Enquanto a maltês observava a movimentação em frente ao prédio que serviu de dormitório, a professora repetia incontáveis agradecimentos a família que a acolheu.
— Existem pessoas muito boas no mundo. Muito, muito obrigado. Ela estava em ótimas mãos. Minha pitoca agora está comigo graças a essa corrente maravilhosa que se criou — reiterou a docente.
A resposta de Susana foi direta:
— Foi Deus quem colocou ela aqui dentro.
O acidente resultou em dores na coluna e escoriações pelo corpo da professora, integrante da diretoria do Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho. Vídeos de câmeras de vigilância do quarteirão mostram o carro capotando e atingindo outros veículos, que estavam estacionados na Rua Gonçalves Dias. Nenhuma outra pessoa ficou ferida na colisão.
A calçada em frente ao prédio serviu de ponto de encontro de pessoas que atenderam a ocorrência: o entregador Felipe Arce da Rosa, 24 anos, parecia incrédulo. Na tarde passada, ele abandonou o galão de 20 litros de água quando soube que o animal havia fugido do acidente a que havia presenciado. Hoje voltou ao bairro para acompanhar o desfecho da história.
— A gente procurou muito ontem (segunda), quem ia imaginar que estaria aqui, há 100 metros do acidente — diz o jovem.
Antes de dormir, a bancária diz ter pedido, em oração, que a cachorrinha “encontrasse alguém de bem, que a ajudasse”. A proximidade do “esconderijo” com o local do acidente e a pessoa escolhida como sua acolhedora não foram as únicas coincidências do caso: a mulher que a encontrou também havia perdido uma cachorrinha, Luna, há dois anos.
— Eu sei bem o que ela passou. A minha yorkshire ficou algumas horas sumidas e depois encontramos em uma sala do condomínio — conta Susana.
Na despedida, um impasse: enquanto a educadora insistia em pagar a recompensa ofertada caso Brisa fosse encontrada, a bancária rejeitava o dinheiro de forma reiterada. No fim, chegaram a um acordo:
— A recompensa é fazer o bem — definiu a aposentada.