A festa que costuma reunir milhares de fiéis a São Jorge em Porto Alegre, tradicionalmente em 23 de abril, foi adiada para daqui a cinco meses, em função da pandemia de coronavírus. O objetivo é evitar aglomerações, o que aumentaria a probabilidade de contágio. Neste ano, o dia do santo guerreiro será comemorado pela comunidade católica da Capital somente em 23 setembro.
Na data, uma quarta-feira, ocorrerá a celebração religiosa na igreja de São Jorge, com dez missas durante o dia. No domingo seguinte, 27 de setembro, será a tradicional procissão e festejos populares.
Segundo o arcebispo metropolitano, Dom Jaime Spengler, a decisão foi tomada "seguindo as orientações das autoridades sanitárias de saúde".
—Nossa orientação é o resgate da igreja doméstica. Nós não podemos esquecer que o cristianismo nasceu nas casas, nas famílias e talvez esse tempo que estamos vivendo seja tempo para resgatar esse princípio —declarou o arcebispo.
É a primeira vez, em 67 anos, que a paróquia São Jorge não abre as portas em 23 de abril para receber fiéis, segundo o pároco, Sérgio Belmonte. Mesmo com a transferência da data e a impossibilidade de receber público, missas serão celebradas na igreja e transmitidas pelo perfil da paróquia no Facebook. Nesta quinta (23), serão duas missas: às 10h e às 18h.
Para o arcebispo metropolitano, o momento requer "criatividade apostólica":
—O momento está ajudando a redescobrir a experiência de viver a partir de dentro. Uma religiosidade não estética, mas marcada por uma grande intimidade.
Federação Afro prepara procissão
Também com o objetivo de evitar aglomeração, a celebração organizada pela Federação Afro Umbandista do Rio Grande do Sul (FAURS) será diferente neste ano. Na quinta (23), uma procissão sairá de Canoas, às 18h, com uma imagem de dois metros em fibra de São Jorge em um caminhão. No caminho, serão arrecadados alimentos não perecíveis, que depois serão doados para comunidades na cidade e em Porto Alegre. Quem doar, receberá uma máscara de tecido e um tubo de álcool em gel.
— Com a pandemia, neste ano, em vez de ir até São Jorge, ele vai ir até você. Estamos chamando de carreata do bem —afirmou o presidente da federação, Everton Alfonsin.
A orientação é para que ninguém saia dos carros e as pessoas que recolherão os alimentos estarão com protetores faciais, além de luvas.
No domingo (26), outra procissão sairá de Canoas, passará por Cachoeirinha, Gravataí e depois seguirá para o largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre. Alimentos também devem ser arrecadados.