Na cultura popular, a fama de azar faz com que muitas pessoas atravessem a rua para evitar passar perto de um gato preto. Com Negão, as coisas são diferentes. Segundo Vanessa Zapp Azubel, veterinária que acolheu o felino, as pessoas chegam a mudar de calçada para encontrar o bichinho, que completará 21 anos na próxima semana, e brincar com ele por alguns minutos.
— Ele vive de amor — sorri.
Quem passa diariamente pela Avenida Getúlio Vargas, no bairro Menino Deus, já deve ter notado, na altura do número 1.600, a presença daquele gato que está sempre rondando a quadra. Chamado de Negão por conta da cor da pelagem, o felino até frequenta alguns estabelecimentos do entorno. Lotérica, academia, farmácia e até mesmo uma lanchonete estão entre os pontos por onde ele circula.
Negão chegou à petshop de Vanessa há 16 anos, após uma insuficiência renal. Ele morava na rua e era alimentado por uma cliente da veterinária. Após a recuperação, ficou por ali. Vanessa até tentou criá-lo em casa, mas o gato sempre voltava para as ruas.
— Não adianta, ele já vivia há cinco anos na rua. Apesar de sair, ele sempre voltava, então deixamos ele circular — diz Vanessa, que escolheu o dia 21 de março para comemorar o aniversário de Negão e já planejou uma festa para a celebração deste ano.
Há dois anos, Negão sofreu de uma hérnia diafragmática, que é o rompimento da musculatura que liga o tórax ao abdômen. Uma cirurgia precisou ser feita e, por causa da idade avançada de Negão, havia muito risco envolvido. Ele, no entanto, recuperou-se de pronto. Se é verdade que gato tem sete vidas, Negão ainda ficou com saldo.
Apesar da cara de brabo, ele é conhecido por ser muito dócil e aceitar carinho de quem passa por ali. Por estar há tanto tempo no local, Vanessa garante que muitas pessoas têm Negão como referência para chegar até sua loja. A única coisa que ele não gosta, segundo a dona, são cães.