Tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre um projeto que autoriza a construção de um empreendimento imobiliário ao lado do Beira-Rio. Quem está à frente da ideia é o Inter, com uma proposta, ainda em estágio inicial, que inclui uma torre residencial e comercial de até 130 metros — que, se aprovada e construída neste patamar, seria o maior prédio do Rio Grande do Sul.
Alexandre Chaves Barcellos, vice-presidente do clube, deu entrevista a GZH, ressaltando que a ideia traria retornos financeiros ao clube e colaboraria para o desenvolvimento da cidade:
O senhor pode explicar o que é o projeto para a área ao lado do Beira-Rio?
É uma questão muito incipiente, recém está tramitando o projeto de lei (para autorizar o uso da área para construção imobiliária). Depois de aprovado, e de o prefeito sancionar, vamos começar a buscar no mercado alternativas para edificar nessa área e vai ter todas as tramitações internas no clube. Nós temos algumas ideias dentro do clube, de uma ou duas torres naquela área, mas nós vamos chamar interessados, construtoras do país, para que apresentem as suas ideias. Acredito que leve pelo menos um ano, um ano e meio para ter definição do que vai ser realmente construído ali.
Mas o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) já está em fase final de tramitação, e já foi apresentada a proposta ao Conselho do Plano Diretor.
Isso ajuda do ponto de vista interno, para quando nós abrirmos uma espécie de uma concorrência entre construtoras em cima desse plano que já tem esse EVU definido. Para chamá-las para que apresentem propostas e, sobretudo, propostas financeiras para o Internacional.
Por que o Inter pede no EVU autorização para um prédio de até 130 metros (hoje o Plano Diretor permite 52 metros em Porto Alegre)?
Não tem porque tratar disso ainda, temos que fazer as coisas muito devagar neste tema. Mas é óbvio que tem que pedir o máximo possível para obter depois a negociação com as construtoras, não posso pedir a construção de um prédio de três andares.
E quem vai estar à frente do empreendimento?
O Inter não constrói, então vai chamar construtora de ponta do país. Como se faz, normalmente: o proprietário de um terreno chama uma construtora e faz uma permuta. Normalmente é assim que funciona, você recebe X por cento de área construída.
Por que esse projeto é importante para o clube?
Grandes clubes do Brasil estão tentando se rentabilizar de outras maneiras, e uma das maneiras tem sido a utilização do seu próprio patrimônio. Acaba tendo um espaço de sobra que, dentro de uma tramitação legal, pode viabilizar a construção de um ou dois prédios, que vão ser excepcionais para Porto Alegre. A cidade tem ficado pra trás em quase tudo. Também tem esse processo de dinamizar a orla do Guaíba, a prefeitura quer fazer seu centro de convenções ali do lado, e a valorização de toda a área da Zona Sul vai ser fantástica se conseguirmos aprovar tudo isso. É um ganho pra Porto Alegre gigantesco, espero que não vire as costas de novo pra orla como tem virado há mais de cem anos.
O objetivo é geração de receita para o clube?
Óbvio que é para geração de receita. E também em prol de Porto Alegre, pois estará trazendo pessoas para aquele entorno. A partir dali, se pudermos construir algo que possa melhorar a qualidade de Porto Alegre, vai ser positivo.
O estádio é conhecido como o Gigante da Beira-Rio, nada no entorno, até então, é maior. Não existe risco de o estádio ficar diminuído visualmente, com torres altas?
Não, de forma alguma. O gigante da Beira-Rio ocupa uma área muito maior que eles, não há de se falar nisso. Lembrando que também temos um projeto de revitalização do Gigantinho.
Se tudo ocorrer conforme os planos do Inter, em quanto tempo você consegue ver aquela região transformada?
Isso é algo para daqui cinco anos.