O fechamento dos postos fixos da Polícia Civil nos hospitais de Pronto Socorro (HPS) e Cristo Redentor (HCR), em Porto Alegre, preocupa os gestores das instituições. A partir da próxima segunda-feira (22), não haverá mais um policial atuando 24 horas por dia dentro dos dois hospitais. A decisão foi tomada nesta semana pela Polícia Civil, que explica que houve uma “mudança de fluxo de trabalho”.
Uma das preocupações das instituições é com a agilidade no atendimento de ocorrências que envolvem a polícia. Sem o agente fixo nos locais, caberá ao próprio hospital o acionamento das equipes volantes da Polícia Civil, que vão se deslocar às instituições em caso de necessidade.
O diretor-geral do HPS, Amarílio Vieira de Macedo Neto, teme que haja atrasos nos processos em que a ajuda da polícia é essencial, como na internação de baleados, vítimas de acidentes de trânsito e evasão hospitalar.
— O hospital lida com uma série de coisas, tem agressões de todos os tipos, física, sexual, tem procurados pela polícia que são atendidos lá, tem casos de evasão de pacientes e que precisam ser registrados no momento em que ocorrem. Enfim, uma série de coisas que o profissional da Polícia Civil, ele atuando ali dentro com acesso ao nosso sistema, facilita muito — explica o diretor.
Vieira afirma que vem conversando com a Polícia Civil, na tentativa que a decisão seja revertida ou, ao menos, amenizada. Inclusive ele espera se reunir nos próximos dias com a chefe de Polícia, delegada Nadine Farias Anflor, para conversar sobre o assunto.
Também nessa articulação está o diretor-superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, responsável pelo Hospital Cristo Redentor. André Cecchini explica que manifestou à corporação o desejo de manter um policial fixo na unidade. No entanto, a dúvida que fica entre os gestores é se o novo processo vai afetar ou não a rotina nos hospitais.
— A gente não sabe como isso vai funcionar. É uma aposta que a gente vai fazer, vai tentar fazer o melhor para funcionar da melhor maneira possível. Mas é um modus operandi diferente do que a gente tem feito nos últimos anos — ressalta Cecchini.
Em caso de acionamento pelas equipes dos hospitais, ficarão responsáveis pelo atendimento o Departamento de Polícia Metropolitana (DPM) e a Delegacia de Homicídios. O espaço físico ocupado pelos policiais nas instituições serão mantidos.
— O espaço permanece, o que muda é que agora será necessário deslocar uma equipe até lá, quando houver um chamado. Serão dois departamentos atuando em conjunto, e o atendimento continua funcionando durante 24 horas — explica a delegada Adriana Regina da Costa, diretora do Departamento de Polícia Metropolitano (DPM).
Quanto à preocupação de que a mudança dificulte o atendimento, ocasionando mais demora e até uma eventual falta de agentes para ir ao local, a Polícia Civil explica que os hospitais farão contato diretamente com o Departamento de Comando e Controle (DCCI), permitindo o acionamento rápido de policiais.
Na Capital, apenas o HPS e o Cristo Redentor possuem um policial trabalhando dentro dos hospitais, já que as duas instituições são referência em traumatologia.