Quem anda de ônibus em Porto Alegre sabe que a espera pelo coletivo exige um tanto de paciência, principalmente, nos horários de pico. Só que, para os usuários da linha T9 (PUC/IPA/Santa Casa), da Carris, esta espera está ainda pior. A demora para que os coletivos apareçam no ponto ainda se alia à superlotação dos carros. Em alguns casos, o ônibus fica tão cheio que não se consegue fazer o embarque de novos passageiros.
A reportagem acompanhou o desafio enfrentado pelos usuários da linha em uma parada da Avenida Montenegro, no bairro Petrópolis. O ponto é conhecimento pelo nome de “rodoviária”. Isso porque fica próximo da Avenida Protásio Alves, onde passageiros de diversas outras linhas, municipais e intermunicipais, desembarcam para pegar os transversais da Carris, como é o caso do T9. Com isso, o número de pessoas que se acumula no local nos horários de pico é bem superior ao espaço do abrigo metálico ali instalado. Com a demora entre um ônibus e outro, os passageiros se espalham, já que o espaço sob a parada é disputado.
– Demora muito entre um e outro. É o que mais me incomoda. Já precisei esperar 45 minutos para conseguir entrar no ônibus. Chega uma hora que a gente se enfia mesmo que esteja lotado. É assim, ou vai pendurado ou se atrasa para o trabalho – relata a empregada doméstica Jussara Rodrigues, 60 anos.
A demora entre um T9 e outro incomoda tanto que, em alguns dias, os usuários chamam carros de aplicativo para se deslocar. Em alguns momentos, a parada mais parece um ponto de embarque em carros do que para ônibus.
– Convenhamos que isto é uma vergonha sem tamanho. Você ir para uma parada e ter que chamar um aplicativo porque o ônibus não vem – critica Sônia Mara Tavares, 40 anos, também empregada doméstica.
Moradora da Avenida Protásio Alves, Sônia relata que já esperou por mais de uma hora até conseguir embarcar em um T9. Segundo ela, em um dia da semana passada, os veículos que passaram na local às 7h10min e às 7h20min não pararam devido à superlotação.
– Depois disso, ficou uma hora sem ônibus. Aí, chegou um às 8h20min muito carregado. Como todo mundo estava atrasado, foi uma loucura para tentar entrar no ônibus – recorda Sônia.
Os atrasos do itinerário operado pela Carris chegam a gerar alterações na rotina de quem precisa usar a linha para se deslocar pela Capital. É o caso da estudante de Fisioterapia Vitória Cardoso, 19 anos. Ela aguarda pelo veículo diariamente na parada da Avenida Montenegro.
– O pior horário é de manhã, às 8h, porque além de demorar pra vir, quando vem, está horrivelmente lotado. Várias vezes, não consegui pegar no horário que preciso por não ter mais espaço. Acontece quase sempre – explica Vitória.
Para evitar atrasos nas aulas da faculdade, a garota teve que alterar o horário de saída de casa:
– Vou cedo para não correr o risco de me atrasar. Além disso, o que mais incomoda é a superlotação. Todo mundo amontoado, acaba ficando muito quente e é bastante desconfortável.
Carris justifica as sobreposições
A Carris, por meio de sua assessoria de imprensa, informa que a linha T9 realiza 169 viagens em dias úteis, com uma frota de 17 carros. O intervalo entre as viagens é de oito minutos em horários de pico (manhã e tarde) e de nove a 12 minutos nos horários entre os de pico.
Esta linha tem a característica de compartilhamento de trânsito, não utilizando corredores exclusivos para ônibus, podendo, portanto, causar atrasos no cumprimento das tabelas horárias, bem como a possibilidade de ocorrerem sobreposições de viagens.
Nesta segunda-feira (18), de acordo com a Carris, às 7h50min, um carro que estava na linha T9 quebrou, ocasionando atrasos e perda de viagens.