O cacique Timóteo Karai Mirim de Oliveira, líder da comunidade que se instalou às margens do Guaíba em Belém Novo, no extremo sul de Porto Alegre, participou de reunião com a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, na tarde desta sexta-feira (18). O motivo do encontro foi a denúncia de que o grupo teria sido atacado a tiros e sofrido ameaças na madrugada da sexta-feira passada (11).
A comitiva foi liderada pela deputada federal eleita Fernanda Melchionna e pelo deputado estadual Pedro Ruas, do PSOL, contando também com representantes de entidades ligadas a direitos humanos e causa indígena. A área onde estão acampadas seis famílias, totalizando cerca de 30 pessoas, fica junto à antiga Fazenda Arado Velho, onde há um projeto de construção de condomínios para cerca de 1,6 mil casas.
O objetivo do encontro, relata Fernanda, foi reivindicar que se priorize a investigação para encontrar os autores dos disparos e alertar para a gravidade do problema:
— O que aconteceu lá foi lamentável: houve disparos e ameaças horrorosas. Enquanto não se identificar e responsabilizar os autores, os indígenas não vão ficar seguros.
A delegada Nadine Anflor recebeu a comitiva, acompanhada pelos delegados Adriana Regina, diretora de Polícia Metropolitana, e Fernando Soares. O inquérito sobre os disparos e ameaças é conduzido pela 7ª Delegacia da Polícia Civil. Na semana passada, os policiais encontraram no local cápsulas de munição 9 milímetros e calibre 22.
A delegada Laura Rodrigues Lopes, que está respondendo temporariamente pela DP, relata que já foram ouvidos indígenas e, agora, a equipe está colhendo depoimentos de pessoas ligadas à empresa proprietária da área da Fazenda do Arado e da empresa de segurança que atua no local. A delegada afirma que ainda não há suspeitos identificados e que não pode estimar quanto tempo vai levar para finalizar o inquérito.
Procurada por GaúchaZH na semana passada, a CFZ declarou que não teve envolvimento no episódio da madrugada. A Arado Empreendimentos Imobiliários, que comprou a área em 2010, divulgou nota: "Nunca tivemos e nunca teremos qualquer iniciativa nos moldes do que está sendo divulgado. Pelo contrário, ao longo deste processo, iniciado em junho de 2018, e não obstante as investidas contrárias de cunho nitidamente ideológico e político, estamos buscando exercer nossos direitos na Justiça e sempre nos limites da legalidade. Assim seguiremos".