O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) sustenta que as ondulações existentes na BR-448 fazem parte de um processo normal para uma construção sobre banhado, e está dentro do esperado no projeto de engenharia”. Projetada para aliviar a sobrecarga da BR-116 entre Sapucaia do Sul e Porto Alegre, a Rodovia do Parque completa cinco anos com um impacto positivo sobre o fluxo e a segurança da estrada vizinha, mas às voltas com seus próprios problemas de infraestrutura.
A nova rota reduziu em 40 mil a média diária de veículos viajando pela 116, amenizou congestionamentos e, como consequência do desafogo viário, diminuiu a quantidade de acidentes. Mas a rodovia, construída com R$ 1,3 bilhão, segue com problemas estruturais crônicos como as ondulações e deformações no asfalto.
A expectativa, conforme nota da autarquia, é de que a rodovia se deforme por “alguns anos”, mas cada vez com menos intensidade, até estabilizar em definitivo. Não haveria, conforme o Dnit, risco estrutural. Mas o engenheiro civil e doutor em Transportes João Fortini Albano considera que a deformação representa uma deficiência de execução e poderia ter sido evitada – ainda que isso representasse custos ainda maiores ao projeto.
– Nós temos, por exemplo, a travessia do Guaíba e a Freeway construídas sobre solos muito semelhantes, e nenhuma dessas estruturas afundou. Existem soluções técnicas para evitar isso, como fazer aterros mais largos – analisa o especialista.
Albano avalia que as alterações na BR-448 não chegam a representar risco à segurança dos condutores, desde que respeitado o limite de velocidade de 100 km/h. O engenheiro considera que seria possível recuperar a rodovia e voltar a deixá-la totalmente plana, mas isso também envolveria custos significativos.
Em relação à correção de deformações no asfalto, que formam cocurutos em pontos como no início da rodovia, entre Esteio e Sapucaia, o Dnit sustenta que a manutenção depende de verba do governo federal. A autarquia lembra que a rodovia faz parte das BRs concedidas recentemente pela União à iniciativa privada – cuja operação está prevista para ocorrer a partir do primeiro trimestre de 2019. Ao percorrer a via na semana passada, a reportagem não encontrou buracos em quantidade ou tamanho significativos.