Projetada para aliviar a sobrecarga da BR-116 entre Sapucaia do Sul e Porto Alegre, a Rodovia do Parque completa cinco anos com um impacto positivo sobre o fluxo e a segurança da estrada vizinha, mas às voltas com seus próprios problemas de infraestrutura.
A nova rota reduziu em 40 mil a média diária de veículos viajando pela 116, amenizou congestionamentos e, como consequência do desafogo viário, diminuiu a quantidade de acidentes. Mas a rodovia, construída com R$ 1,3 bilhão, segue com problemas estruturais crônicos como ondulações e deformações no asfalto, além de apagões no sistema de iluminação.
Antes da inauguração da BR-448, em 20 de dezembro de 2013, a principal via de acesso à Capital enfrentava um cenário de iminente colapso. Os engarrafamentos chegavam a estender a duas horas o tempo de viagem entre Novo Hamburgo e a Capital – trecho de 50 quilômetros que deveria ser percorrido em menos da metade desse tempo. O novo trajeto, paralelo, reduziu o fluxo da BR-116 de uma média diária de 120 mil para cerca de 80 mil veículos atualmente, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
– O trânsito passou a fluir muito melhor, e isso também ajuda a diminuir os acidentes – afirma o chefe de comunicação da PRF no Estado, Alessandro Castro.
O número de acidentes com lesões ou mortes registrado em 2013 (a estrada foi inaugurada faltando apenas 11 dias para terminar dezembro) chegou a 642. No ano passado, essa cifra ficou em 479 – 25% menor. Em 2018, até agora, foram contabilizadas 397 ocorrências do tipo. O número total de acidentes não é comparável porque, recentemente, a PRF mudou o sistema de registro das colisões sem ferimentos ou danos a bens públicos. A corporação passou a solicitar que os próprios envolvidos, nesses casos, façam a comunicação do acidente via internet – o que pode não ocorrer todas as vezes e distorcer a estatística.
Para usuários como Franciele Hendler, 20 anos, a nova obra resultou em mais qualidade de vida:
– Antes, eu precisava fazer uma volta muito maior para pegar a BR-386 e ir para casa, em Nova Santa Rita. Levava uma hora. Agora, levo uns 20 minutos.
Furtos prejudicam iluminação pública
O caminho, porém, tem literalmente altos e baixos. Em muitos pontos, a pista sofreu leve afundamento em razão da fragilidade do solo e resultou na formação de ondulações e desníveis, como nas proximidades do km 4 e do km 11.
Ao longo do trecho, parte da iluminação segue desativada em razão do furto de cabos de energia – problema relatado por ZH em 14 de novembro. Na quarta-feira passada, a reportagem voltou a percorrer a estrada, o mau tempo levou ao acionamento das luzes e foi possível perceber que a maioria dos postes segue desativada.
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a manutenção da iluminação cabe às prefeituras.
Canoas, Esteio e Sapucaia já informaram anteriormente que tomam providências, mas sofrem com a repetição dos furtos. Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos informa que jamais foi notificada para responder pela conservação dos postes na BR-448, enquanto o Dnit sustenta que essa obrigação se baseia no artigo 30 da Constituição. Em meio à indefinição, os condutores seguem às escuras.
FICHA TÉCNICA
A BR-448 passa pelo Parque Estadual do Delta do Jacuí, uma unidade de proteção ambiental. Por essa razão, conforme o Dnit, ela também é chamada de Rodovia do Parque.
Extensão: 22,3 km
Municípios por onde passa: Sapucaia do Sul, Esteio, Canoas e Porto Alegre
Número de pistas: trechos com duas ou com três pistas
Largura da faixa: 3m60cm
Ciclovia e faixa para pedestres: não
Velocidade máxima: 100 km/h
Acidentes graves* na BR-116
2013 642
2014 472
2015 410
2016 445
2017 479
2018 397**
* Apenas acidentes com lesões ou morte
**Número parcial