O projeto que proíbe a distribuição e a venda de canudos plásticos descartáveis em Porto Alegre, aprovado pela Câmara Municipal na tarde de quinta-feira (20), vai exigir adequação de empresários e consumidores, caso vire lei.
Proposta pelo vereador Marcelo Sgarbossa (PT), a medida recebeu 23 votos a favor e cinco contra. Se o texto for sancionado pelo prefeito Nelson Marchezan, comerciantes e ambulantes terão prazo de um ano para se ajustarem. Quem desobedecer a norma poderá ser multado.
GaúchaZH conversou com o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, e o professor da Unisinos e doutor em Ciência dos Materiais Carlos Alberto Mendes Moraes. Ponto a ponto, veja como eles analisam a restrição.
O projeto
Apesar de entender que há benefício na mudança, o presidente do Sindha não vê a pauta como prioritária. Ele critica ainda o fato a entidade não ter sido procurada para debater a alteração.
— Tem assuntos tão mais importantes a serem debatidos, que não entendo por que isso entrou em discussão agora. Não somos contra, mas a forma como tudo foi feito é ruim. Por que não trazer a iniciativa privada para essa construção? — argumenta Chmelnitsky.
Já para o pesquisador, a aprovação do projeto é simbólica. Segundo ele, pensando apenas no canudo, o impacto no meio ambiente é pequeno: o principal é que as pessoas passem a repensar o uso de outros itens também, como as sacolas plásticas.
— Frear o uso do canudo é fundamental. É algo que já devia ter ocorrido há muito tempo. Usar esses produtos é um luxo que nos damos. Na prática, não há a menor necessidade — afirma Moraes.
Aumento no preço de produtos
Chmelnitsky descarta que a medida possa interferir no bolso do consumidor: segundo ele, o valor das bebidas, por exemplo, não deve ser reajustado.
Conforme Moraes, o uso de outros materiais, como canudos de papel ou de aço inoxidável, vai demandar atenção.
— O de papel, vai continuar gerando lixo, o de aço vai precisar ser higienizado corretamente. É mais benéfico que se pense em formas de não utilizar esses materiais.
Substituições
Moraes defende que os consumidores não tentem substituir o item. Ele conta que, há cinco anos, não usa canudinhos nem sente falta.
— Se você precisa mexer uma bebida, pode usar uma colher. Se vai tomar um suco, pode usar um copo de vidro. Não tem necessidade alguma — argumenta.
Para quem precisa tomar a bebida durante um deslocamento, por exemplo, Moraes afirma que é obrigação do estabelecimento higienizar latas e garrafas.
Para Chmelnitsky, a saída para a mudança ainda é incerta.
— Essas questões vão dar trabalho para o comerciante, ainda não sabemos como vai ser, como resolver. Gostaríamos de ter construído em conjunto, com tempo — defende.