Nas últimas horas de 2018, a orla do Guaíba recebeu milhares de pessoas que se preparam para passar o Réveillon no mais novo cartão-postal de Porto Alegre. Após dois anos de ausência, a festa volta a habitar um dos pontos turísticos da capital gaúcha. Com o sol se pondo no horizonte, grupos de amigos e famílias inteiras chegavam aos borbotões na Usina do Gasômetro, em geral carregando os onipresentes coolers recheados de cerveja, espumante e refrigerante.
Sob os trilhos do aeromóvel, do outro lado da via, uma fumaça insuspeita denunciava os churrasqueiros de ano novo. Aos poucos, eles aproveitavam o entardecer para preparar o fogo e salgar a carne, na preparação da ceia da virada.
Na orla, a família do auxiliar de biblioteca Wagner dos Santos já havia reservado um lugar estratégico. No deck que avança sobre o Guaíba, Wagner, a mulher Patrícia e a filha Maria Eduarda vislumbravam a vista privilegiada.
— Eu olho para o lado e vejo o por do sol, logo onde vão estourar os fogos. Olho para a frente e vejo o palco - comemorava Wagner, diante da estrutura que iria abrigar shows de samba, musica sertaneja e do pop rock da banda Papas da Língua.
Esta é a primeira vez que a família passa o Ano-Novo na orla, atraídos pela revitalização do espaço e pela promessa de segurança. Além de equipes da Força Nacional, pelo menos cem policiais militares foram descolados para guarnecer a região.
Ao lado, uma tenda montada pela Federação Afro Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers) recebia fiéis para rituais de passagem de ano. Até as 19h, cerca de 800 pessoas já haviam recebido passes para abrir os caminhos e garantir segurança no ano que se inicia. Segundo o presidente da Fauers, Éverton Alfonsin, a maioria ignorou os habituais pedidos por saúde e paz para solicitar aos orixás equilíbrio aos políticos.
— É incrível, nunca vi isso. As pessoas estão querendo que os governantes estejam mais iluminados, que tudo dê certo. Mas se preparem. O ano será de Iansã e Xangô, ela do vento e ele da Justiça. Tudo que tiver de podre vai aparecer, pois Iansã vai assoprar e Xangô julgar.