"Pedestre, aperte o botão e aguarde".
Quando há uma placa com essa frase na travessia, é só achar um botãozinho por perto. O dispositivo que libera o trânsito para pedestres, porém, é desacreditado por muita gente. O motivo? A demora para o sinal ficar verde. GaúchaZH, com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), fez um teste e comprovou que eles funcionam de verdade. Só não do jeito que todo mundo pensa.
Existem dois tipos desses botões, ou botoeiras, como são chamados. O primeiro é para travessias com detecção, que é a maioria encontrada nas ruas de Porto Alegre — são 809 no total. Quando alguém aperta o botão, o semáforo dos carros é avisado eletronicamente de que há um pedestre esperando para atravessar a rua. Se ninguém apertar, a travessia não abrirá em momento algum.
Só que o botão não libera a travessia no momento em que é pressionado nem tem um tempo pré-determinado — por isso, algumas pessoas têm a impressão de que o equipamento não funciona. A EPTC explica que isso ocorre porque há uma programação eletrônica para sincronizá-los, a fim de deixar o trânsito mais fluido possível, principalmente no horário de pico, em que o para e arranca é inevitável.
Imagine, por exemplo, um semáforo para carros com um ciclo de 60 segundos, que fica verde por 42 segundos, amarelo por três e vermelho por 15. Se o pedestre apertar o botão quando o semáforo estiver verde, a travessia será liberada assim que o trânsito ficar fechado. Se ele apertar no amarelo, terá que esperar ele passar pelo vermelho e pelo amarelo de novo, o que vai levar muito mais tempo. Isso para não interromper a programação dos semáforos da região.
— Se o botão abrisse a travessia no momento em que é apertado, o trânsito ficaria um caos completo — afirma a técnica em trânsito e transporte da EPTC Julia Freitas.
Por isso, não adianta nada apertar a botoeira várias vezes, pois o sinal não vai abrir mais rapidamente.
O segundo tipo de botoeira é a sonora, projetada para cegos. Ela funciona onde o semáforo veicular é interrompido independentemente de alguém apertar ou não o botão. Só que, se a pessoa pressionar o botão por alguns segundos, um alerta sonoro avisará o momento exato para atravessar a rua com segurança.
Há 76 deles na Capital, mais próximos a shoppings, escolas e universidades. São esses os botões encontrados nos cruzamentos, em que um semáforo precisa ser fechado para liberar o outro, também de veículos. Por isso, a botoeira não vai mudar em nada o fluxo.