Thomás Sória, dentista e coordenador dos grupos de tabagismo da Unidade de Saúde Modelo, avalia os motivos que fazem o cigarro ainda persistir como um hábito entre as pessoas mais pobres. Reportagem de GaúchaZH observou que o público de menor poder aquisitivo é o principal cliente de ambulantes que comercializam ilegalmente o produto no centro de Porto Alegre.
Onde o porto-alegrense pode procurar ajuda para parar de fumar?
Em qualquer Unidade Básica de Saúde. No caso do Centro, é a Unidade Saúde Modelo (Rua Jerônimo de Ornellas, 55. Telefone: (51) 3289-2557). Ali, ele é encaminhado para um grupo de apoio que inclui reuniões, medicamentos e consultas médicas pelo SUS. Acolhemos entre 15 e 20 pessoas mensalmente.
Por que o fumo parece ser mais popular entre pessoas pobres?
Em parte porque o hábito de fumar perdeu apelo social. Não pega mais bem fumar, fumante é quase descriminado. Essa população vive sob mais ansiedade e mais estresse, e tem menos acesso a formas de relaxar. Para essas pessoas, o cigarro é uma bengalinha, um companheirinho.
Em que condições elas costumam procurar ajuda de vocês?
Para esse tipo de coisa, as pessoas costumam ser movidas a sustos. Em geral acontece um AVC, um princípio de infarto, até um câncer, e elas se dão conta. A boa notícia é que aqui elas recebem um apoio multissetorial, com médico, dentista, farmacêutico... É algo importante, porque a dependência de nicotina exige mais do que apenas decidir parar de fumar.