Gente colorida e alegre, jovem e adulta, homens, mulheres e transexuais. E havia também crianças, pais e mães. Milhares de pessoas formaram o diversificado público que aproveitou o domingo ensolarado para participar da Parada de Luta LGTBI de Porto Alegre.
Na Redenção, atrações musicais se alternavam no palco. Enquanto uns curtiam o som, outros se agrupavam em rodas de conversa, pintavam o rosto com as cores do arco-íris e frequentavam o intenso comércio, com variada oferta de lanches e bebidas. Havia desde o tradicional churrasquinho até cervejas artesanais.
Apesar do clima alto-astral, a parada também tinha uma forte faceta de reflexão, de protesto e de manifestação política. O lema do evento neste ano, que chegou à 11ª edição, evidencia este caráter: “Poder para LGBTI+, Nosso Voto, Nossa Voz”.
Um dos coordenadores da parada e apresentador do evento, Roberto Seitenfus, do coletivo Desobedeça, pegou o gancho da Copa e conclamou uma vaia ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerado um inimigo da comunidade por reprimir no seu país manifestações dos LGBTI.
– Foi uma homenagem aos LGBTI da Rússia. Ele (Putin) ataca. A parada é também uma manifestação política. Estamos em ano eleitoral no Brasil e queremos eleger parlamentares gays, lésbicas e etc – afirmou Seitenfus.
Ele ainda citou o número de assassinatos que ocorrem no Brasil em decorrência da orientação sexual como outra pauta importante. Apesar da violência física chocar mais e ganhar maior repercussão pública, considerável parcela dos jovens que estava na parada convive diariamente com outras formas de pressão e preconceito.
– A violência psicológica é ainda maior. Na maioria dos casos, já começa a acontecer dentro de casa. Aqui (na parada) nos sentimos mais acolhidas – disse Eduarda Pereira, 16 anos, que curtia o evento na companhia de amigos.
Para Taiane Beatris, 17 anos, uma das motivações que a levaram até o evento é a oportunidade de esclarecer indivíduos que repelem o movimento:
– A visibilidade é importante. A cada ano cresce mais (a parada). E, nesses eventos, sempre vemos pessoas de mais idade com os seus filhos. Isso ajuda a mostrar que não somos errados, não somos bichos de sete cabeças.
A Parada de Luta LGTBI não é a única a ocorrer em Porto Alegre. Outro evento do gênero, de grande concentração de público, acontece tradicionalmente em novembro.
Entende as denominações
Segundo Seitenfus, a inclusão da letra “i” na sigla LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), utilizada no batismo do evento, contempla os intersexuais, que “transitam entre os gêneros” masculino e feminino.
Já no lema do evento, foi acrescentado o sinal de adição, formando a inscrição LGBTI+. Neste caso, explica Seitenfus, a intenção é incluir demais comunidades que podem não estar representadas nas letras da sigla.