Principal ponto de conexão entre a zona norte e o centro de Porto Alegre, o Terminal Triângulo vem definhando desde o final de 2014, à espera de uma licitação para revitalização do local. Na época, parte do telhado de acrílico da plataforma foi arrancada por ventos de 100km/h, durante um temporal, e jamais foi recolocada.
Se depender da prefeitura, não existe previsão de nova cobertura. Nem mesmo o estudo de um novo modelo para gestão do terminal, prometido há um ano pela administração municipal avançou.
Segundo maior terminal de ônibus da Capital — ficando atrás apenas do Terminal Rui Barbosa/CPC, no Centro — o Triângulo tem um fluxo diário de 950 ônibus, com 41 linhas urbanas e 200 interurbanas. Todos os dias, 35 mil passageiros utilizam o ponto de parada, enquanto outros 110 mil passam por ele dentro dos ônibus. Apesar da importância do espaço, um novo telhado jamais foi providenciado desde o vendaval. Em 2014, o valor da obra fora estimado em R$ 1,2 milhão.
Em 2015, a prefeitura disse ao Diário Gaúcho que havia necessidade de contratar uma empresa para fazer uma avaliação da estrutura. O laudo ficaria pronto em 45 dias, o que não ocorreu. Um ano depois, a reportagem voltou ao local e ouviu da EPTC que seria necessária uma reforma completa na estrutura. Porém, a licitação para reforma e manutenção da cobertura e das estruturas metálicas em geral, publicada em agosto de 2016, foi cancelada em janeiro de 2017 porque a empresa vencedora desistiu do serviço.
Segundo a EPTC, a segunda colocada não pode ser acionada "por motivos legais". Uma nova licitação seria necessária. O problema, segundo o órgão, é que "devido à dificuldade de obtenção de recursos para investimentos e custeios do orçamento municipal, não está sendo possível a publicação de nova licitação até o momento. Os equipamentos públicos da cidade são objeto de estudos para concessão à iniciativa privada (Parceria Público-Privada), mas, independentemente do cronograma desses estudos, a prefeitura cadastrou o pedido de recursos de programas federais do Ministério das Cidades (Programa Avançar) para reforma e manutenção de vários equipamentos e mobiliários de transporte, entre eles, o Triângulo, com expectativa de obras a médio prazo".
Sensação de insegurança
Enquanto não há solução para a situação, funcionários do DMLU mantêm a limpeza do terminal e da passagem subterrânea que o conecta com a plataforma e os dois lados da Avenida Assis Brasil. Apesar disso, os passageiros e pedestres evitam usar a ligação em determinados horários. Moradora do Parque São Sebastião, nas redondezas do terminal, a doméstica Oraide Silva Oliveira, 66 anos, passa pelo menos duas vezes, diariamente, pelo túnel. E de dia. Porque à noite, temendo os assaltos, evita atravessá-lo e acaba se arriscando ao cruzar a movimentada avenida Assis Brasil.
— Uma senhora foi assaltada na minha frente, por volta das 20h. Não tem guarda. Quando chove também fica perigoso porque tem menos movimento — relata.
Elevadores vandalizados
Outro problema enfrentado por quem utiliza o terminal é a frequente interdição dos quatro elevadores que dão acesso à plataforma. O funcionário público aposentado Augusto Wenceslau da Silva, 78 anos, encontra maior dificuldade ao ter que subir e descer as dezenas de degraus das escadarias.
— Quem mais sofre são os idosos e as pessoas com deficiência. Já perdi o fôlego aqui. Agora, subo devagar — comenta.
A EPTC relata, nas últimas duas semanas, duas manutenções realizadas nos elevadores devido ao vandalismo. Para tentar minimizar o problema, o órgão decidiu fechar os elevadores entre 22h e 6h.