Um ponto bem conhecido dos porto-alegrenses vai passar por uma grande mudança nos próximos meses. Em fase de demolição, o prédio que abrigou a Panambra, na Avenida da Azenha, dará lugar a um centro multiuso com unidades residenciais, comerciais e escritórios.
Caracterizada pela fachada em arco, com um letreiro da Volkswagen no topo, a construção abrigou a revenda da marca alemã por 65 anos. No final de 2017, a empresa mudou-se para a Avenida Padre Cacique. A área de 12 mil metros quadrados entre a Avenida da Azenha e a Rua General Lima e Silva foi comprada pela incorporadora Maiojama. A transação ocorreu em 2015, informa o diretor-executivo da Maiojama, Antonio Pedro Teixeira.
O projeto será assinado pelo escritório de arquitetura Smart, da Capital, que terá o desafio de criar um "oásis urbano" com o astral da Cidade Baixa, segundo o executivo. Estão previstos escritórios, apartamentos residenciais, salas comerciais, lojas de conveniência e restaurantes, com uma praça no interior do lote. Ainda não é possível afirmar o número de prédios. Teixeira entende que um investimento deste porte revitaliza a área, levando mais vida e segurança ao local:
— Vamos mudar a cara daquela região.
O executivo acredita que, dentro de uma ou duas semanas, a demolição do prédio será concluída, e então a empresa vai iniciar uma etapa de descontaminação do terreno, exigida em áreas que abrigaram atividades como a exercida pela Panambra. Ainda não há data exata para lançamento do empreendimento, mas deve ocorrer em até um ano.
Apesar de longa história, prédio não é inventariado
Definindo a edificação como "emblemática", o arquiteto Rodrigo Poltosi, um dos autores do Guia de Arquitetura de Porto Alegre, destaca as abóbodas de concreto realçadas em meio ao grande plano de vidro do segundo andar. Ele observa que o imóvel não tinha nenhuma proteção que impedisse sua demolição. Conforme a Coordenação da Memória Cultural da cidade, à qual está subordinada a Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural, não se trata de um imóvel inventariado, o que poderia lhe conferir alguma blindagem.
Em estilo moderno, o prédio é definido como uma referência para a cidade, segundo o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil no Rio Grande do Sul (IAB-RS), Rafael dos Passos. O local é simbólico: fica entre um dos maiores colégios do Estado, o Júlio de Castilhos, também uma construção modernista, e a via mais movimentada da cidade, a Ipiranga. Em frente, está o monumento a Bento Gonçalves.