O sábado (9) de sol a pino, clima agradável e convidativo foi cenário perfeito para um torneio de futebol muito especial na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Crianças e adolescentes como Leonardo Leibenitz Fagundes — 14 anos, que tem paralisia cerebral e não consegue caminhar direito — pela primeira vez tiveram contato com uma bola. E, conquista das conquistas, fizeram gols!
É que esses atletas especiais tiveram ajuda de uma bota construída especialmente para dar firmeza nas pernas e permitir a pessoas com deficiências físicas caminhar e até chutar a gol — lenta e pausadamente, mas chutar. Foi o que ocorreu com um grupo de 16 crianças e adolescentes da Kinder Centro Integração da Criança Especial, do Educandário São João Batista e do Centro de Reabilitação de Porto Alegre (Cerepal). Eles têm problemas que vão da paralisia a deficiências cognitivas.
Foi a 5ª edição da Bota do Mundo — uma copa criada especialmente para crianças com deficiência darem o primeiro chute de suas vidas. Os meninos e meninas só puderam jogar bola porque contaram com ajuda de uma seleção muito aplicada, formada por ex-jogadores de futebol da dupla Gre-Nal. Cada criança foi "colada" a um atleta, perna com perna. Os dois caminharam juntos pelo amplo gramado da Arena, brincaram, sorriram e... chutaram a gol.
Cada uma das crianças vestiu camisetas de um país, simulando uma pretensa Copa do Mundo. Caio Fraga Garcia, por exemplo, estava com uniforme da Colômbia — embora, dentro de uma sacola, guardasse escondido o fardamento do time do coração, o Inter. Por estar na casa do adversário, Caio manteve discrição. E abriu um grande sorriso ao fazer um gol, o primeiro de sua vida.
Desta vez, o Bota do Mundo foi realizado na Arena do Grêmio. Em outros anos, já esteve no estádio Beira-Rio e num centro de treinamento que Neimar mantém no litoral paulista.
Os ex-jogadores da dupla Gre-Nal, como Jair Gonçalves Prates (o Príncipe Jajá, do Inter campeão brasileiro na década de 1970), se emocionaram.
— Ver como a criançada vibra vale cada minuto. E o parabéns vai para as mães, essas heroínas — comentou ele.
Cada gol foi comemorado por familiares, que assistiram a tudo das arquibancadas da Arena, muitos vendo os filhos caminharem pela primeira vez.
— Nosso sonho é organizar de verdade uma Copa do Mundo para crianças especiais. Por que não? — comenta Daniel Corrêa de Mattos, da Smile Flame, promotora do Bota do Mundo e criada para impactar positivamente a sociedade por meio de projetos divertidos, tocados por empresas e entidades beneficentes.