Contidas nas esquinas, entalhadas em fachadas ou conservadas na memória das ruas e bairros, centenas de histórias se sobrepõem para registrar – e reafirmar – a identidade cultural de cada cidade. Vai além do legado histórico narrado por etnias ou influências artísticas: trata-se de enxergar a essência de cada elemento da paisagem urbana e revisitar seu propósito para os nossos tempos, para as novas pessoas. Essa é a provocação a ser evidenciada na era da conectividade, quando faz todo o sentido contemplar o fazer arquitetônico sob um novo prisma: o do compartilhamento.
Não aquele de dividir o uso e organizar a pauta popular em uma agenda compartilhada, mas, sim, o de agregar as metodologias que cada cidadão, cada empresa e cada coletivo têm em uma linguagem integrada que reflita o futuro urbano. Arquitetos, engenheiros, makers, comunicadores e tecnólogos têm todos, afinal, fórmulas e instrumentos para assegurar a efetividade de suas propostas. Reunir esse conhecimento plural e multifacetado significa ampliar a margem de acerto na construção de um amanhã que luta contra o cronômetro.
Foi pelo registro da palavra escrita que o conhecimento se perpetuou, e não podia ser outra, senão a filosofia, a fonte de inspiração para uma nova revolução. Metanarrativas são, de forma bastante simplificada, histórias contidas em outras histórias. Contos, lembranças e saberes que extrapolam a si mesmos e residem outras moradas, influenciam e constroem de forma plural e global. Metacidade é a tradução desse fenômeno no contexto e nas práticas do espaço social atual, tecnológico e conectado. É um conceito que aprofunda a discussão e a análise sobre os diferentes pontos de contato entre arquitetura, urbanismo, cultura, tecnologia e comunicação que influenciam a constituição das cidades contemporâneas.
É impossível dissociar nas narrativas e no desenvolvimento criativo atuais as linguagens e as ferramentas arquitetônicas, tecnológicas e culturais. Elas estão presentes uma na outra, uma para a outra e uma em resposta à outra. Tal qual nas metanarrativas, elas existem numa inter-relação de equilíbrio e complemento.
Na prática, metacidades expressa a união de forças multidisciplinares em projetos nos quais os objetivos do mercado imobiliário, publicitário e criativo, apenas para começo de conversa, estejam lado a lado com objetivos e responsabilidades comuns. Nos quais a centralidade seja o sujeito coletivo e a bigdata, a ergonomia, a usabilidade, a forma e a função emparelhem-se na mesma equação.
É um pequeno passo, o despontar de uma nova ideia. O congresso Metacidades, no próximo dia 16, é o primeiro de muitos encontros nos quais toda a comunidade voraz por novas ideias e soluções terá holofotes para engrandecer suas práticas por meio do compartilhamento.
A provocação agora tem nome e, como todo neologismo inserido em qualquer linguagem, a adoção de seu sentido e a repetição de sua prática vão determinar seu sucesso. Aristóteles nos dá esperança: "O todo é maior do que a simples soma de suas partes".
Serviço
Metacidades: Congresso AsBEA-RS 2017
O encontro promovido pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura terá lugar no Instituto Ling (Rua João Caetano, 440), dia 16, das 9h às 18h. Estarão presentes profissionais de diversas áreas, entre os quais Geoffrey Colon, da Microsoft, especialista em marketing disruptivo. Outras informações em metacidades.com.