Com o título de propriedade de um terreno localizado na Avenida Padre Cacique em mãos, a prefeitura de Porto Alegre encaminha nesta semana ao Ministério do Turismo a indicação da área para a construção do Centro de Eventos da Capital — passo necessário para buscar investimento de R$ 60 milhões do governo federal.
O secretário municipal de Parcerias Estratégicas, Bruno Vanuzzi, afirma que a demora para apontar o local se deu pela falta de registro específico para a área, situada em um trecho do aterro do Guaíba, junto ao Beira-Rio. Ao ser criado, no final da década de 1950, o aterro recebeu uma matrícula única para toda a área, da Usina do Gasômetro ao Estaleiro Só. A cada parte desmembrada para receber uma construção — como o Foro ou o Centro Administrativo, por exemplo — um termo de propriedade era emitido. O documento para o centro de eventos foi finalizado na semana passada.
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O terreno, limitado pelas vias Fernando Lúcio da Costa, Carlos Medina e Edvaldo Pereira Paiva, tem cerca de 44,5 mil metros quadrados. De acordo com Vanuzzi, a previsão é de que o recurso federal seja suficiente para garantir a construção de uma área de 30 mil metros quadrados:
— A ideia é fazer um centro de eventos modulável para facilitar a ampliação, mas que seja funcional. Depois que conseguirmos começar a obra, queremos licitar uma parceria com a inciativa privada para construção da fase final ou ampliação e para a operação do centro.
Ainda é incerto o destino da única estrutura presente no terreno — a quadra da tradicional Banda Saldanha. Vanuzzi afirma haver "uma decisão a ser tomada" sobre a retirada da escola de samba:
— Não sabemos se a Banda Saldanha terá de ser retirada ou não.
Diogo Fonseca, presidente da Banda Saldanha, afirma que em nenhum momento foi informado pela prefeitura sobre onde será construído o centro de eventos, quanto menos se a banda terá que deixar o local.
— Não posso me pronunciar se eu não sei de nada, pois nem sei se vou ser atingido. Estou esperando uma comunicação oficial da prefeitura.
A estrutura deve ter dois andares: estacionamento no térreo e área para feiras no segundo piso. Se efetivada a parceria público-privada (PPP), a empresa parceira ficará responsável pela construção de um terceiro andar. Um parceiro poderia, ainda, implantar auditórios, salas de reuniões e um hotel, estima o secretário.
Em 2013, os recursos para o centro de eventos foram disponibilizados pela União. Porto Alegre prorrogou por três vezes o prazo para indicação do terreno. Os documentos têm de ser enviados até 31 de dezembro.
— Foram discutidas várias possibilidades de terrenos, mas todos apresentavam algum problema. O projeto tinha tudo para ser engavetado — afirma Vanuzzi.
O secretário considera a construção do centro de eventos um movimento estratégico para tornar a Capital gaúcha mais atrativa para grandes eventos empresariais. Segundo ele, a Fenac, em Novo Hamburgo, tem 25 mil metros quadrados e é o local com maior capacidade para receber grandes eventos da região:
— Porto Alegre precisa de um centro de eventos para se consolidar como destino de turismo de negócios.
Para eventos maiores, a prefeitura espera firmar uma parceria com o Inter para usar o edifício-garagem do Beira-Rio, que tem 3 mil vagas.
EPTC diz que questões de trânsito serão resolvidas com diálogo
Diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Marcelo Soletti afirma que questões relativas ao trânsito na região — especialmente se jogos do Inter coincidirem com programações no centro de eventos — serão tratadas com diálogo:
— Acredito que não terá maiores problemas, porque isso a gente administra. Já ocorreram situações em que a gente pediu para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) mudar a data do jogo, passar para durante o dia ou à noite. Isso já aconteceu em outras épocas e não vejo problema em conciliar o tipo de evento.
Soletti relata ainda que a EPTC participou da escolha do local do centro de eventos, frisando que a região tem boa estrutura de trânsito, feita para jogos da Copa do Mundo — ele lembra que, para o Mundial, ocorreram a duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva e melhorias na Avenida Padre Cacique.
O que será encaminhado ao governo federal
Agora, serão encaminhados ao Ministério do Turismo o documento de propriedade de posse do terreno, mapa situacional, croqui do terreno, relatório de impacto ambiental e relatório de impacto do trânsito. A partir da autorização do governo federal e da liberação do recurso, a prefeitura fará a contratação do projeto.
Vanuzzi estima que a licitação do projeto ocorra entre o final deste ano e o primeiro trimestre de 2018. A concorrência para a obra pode ser feita no final do próximo ano e a previsão de início da construção seria para os primeiros meses de 2019.