Com capacidade de proliferação rápida, a bactéria Listeria monocytogenes, encontrada em fatiados na rede Zaffari, tem preferência por produtos de origem animal, como carnes, embutidos e conservas. Entre os grupos "de risco" para a infecção, estão gestantes, pessoas idosas, recém-nascidos, quem toma remédios para regular a acidez do estômago e pessoas imunodeprimidas. Quando ingerida, a bactéria pode ficar incubada por um período que varia entre quatro e seis semanas. Por isso, os sintomas podem tardar a aparecer – o que não significa, necessariamente, que surgirão.
– É uma doença autolimitada que, na maioria das vezes, se resolve sozinha. Nosso corpo está preparado para não ter problemas com alimentos, pois nossas próprias bactérias nos protegem – esclarece Marcelo Carneiro, professor de infectologia e microbiologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, e membro da diretoria da Sociedade Gaúcha de Infectologia.
Antonio Weston, cirurgião do aparelho digestivo da Santa Casa de Porto Alegre e professor de Medicina da Ulbra, diz que a tendência é aparecer em ambientes escuros, mal ventilados e com bastante umidade:
– Se o local atende a essas três condições e for um ambiente com produtos de origem animal, favorece a proliferação.
Leia mais
"Não há risco de epidemia", dizem secretários de saúde
Inspeção interdita unidade de fatiamentos após indícios de bactéria
Secretarias da Saúde da Capital e do RS desaconselham consumo de produtos fatiados na rede Zaffari
Nos áudios que circularam pelo WhatsApp alertando sobre a bactéria encontrada em fatiados da rede Zaffari, uma informação foi particularmente alarmante: a de que a bactéria Listeria monocytogenes poderia fazer com que mulheres grávidas abortassem.
Segundo médicos consultados por ZH, apesar de haver o risco de interrupção da gravidez ou parto prematuro, ele só ocorre se a infecção não for tratada e em casos extremos, como desidratação severa.
– Existir a possibilidade não significa que as mulheres vão passar por essa situação. Não é "comeu e infectou". As mulheres podem ficar tranquilas. Podem procurar o obstetra para realizar exames de anticorpos e, se der positivo, começar o tratamento – diz Marco Antonio Goulart Lucho, coordenador da maternidade do Hospital Fêmina.
Weston explica que o aborto é mais suscetível quando há quadros extremos com desidratação muito severa ou problemas de queda de pressão da mulher. Mas, em pessoas com condições normais de saúde, pode provocar apenas gastroenterite.
Os sintomas – e o que fazer
Embora Carneiro garanta que é comum consumir esse tipo de bactéria em vários alimentos, o que preocupa é a carga bacteriana que ingerimos – ou seja, ingerir em grande quantidade. Portanto, quem consumiu algum dos produtos sob suspeita deve ficar atento aos seguintes sinais:
- diarréia
- febre alta
- vômito
- fraqueza
- mal-estar
Diante desses sintomas, a orientação é procurar um médico para avaliação e prescrição de tratamento com antibiótico específico, se for o caso. Consumidores que têm esses produtos em casa devem descartá-los. A orientação é não consumi-los nem mesmo após cozimento. Alimentos de origem animal que tiveram contato físico com os fatiados também devem ser colocados no lixo, sugere Weston.