Um grupo de cerca de 40 moradores e frequentadores da boemia da Cidade Baixa, em Porto Alegre, planeja ações para responder ao pedido do Ministério Público que a prefeitura restrinja o funcionamento de bares e casas noturnas no bairro.
– Começamos a ver, em notícias, que havia uma demanda dos moradores a respeito dos bares, que estariam causando transtornos, e o MP queria reduzir o horário de funcionamento. Queremos mostrar que tem pessoas que pensam diferente da Associação de Moradores, que é muito fechada. Nós consideramos que a vida noturna é muito importante para a segurança pública – explicou Gustavo Bernardes, um dos coordenadores do Movimento Viva Cidade Baixa, criado no mês passado.
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No entendimento do Viva Cidade Baixa, as ações que promoveram restrições ao funcionamento de bares adotadas nos últimos anos têm produzido "efeitos contrários ao pretendido pelas autoridades, obrigando os consumidores a ir para as ruas depois do fechamento dos bares e outros estabelecimentos, aumentando o ruído". Eles acreditam que o assunto precisa ser avaliado "com cautela e com diálogo".
Na segunda-feira, o grupo participará, na segunda-feira, de uma reunião com vereadores, prefeitura e Ministério Público na Câmara Municipal, onde pretende entregar uma carta aberta – o documento já foi assinado por mais de 4 mil pessoas na plataforma change.org, de abaixo-assinados virtuais – e convidar as autoridade a dialogarem com a comunidade antes de planejar ações no bairro. Antes disso, no sábado, haverá um encontro aberto à comunidade na Travessa dos Venezianos, a partir das 15h. A ideia é discutir com a comunidade propostas para serem encaminhadas ao poder público.
No documento que deve ser entregue à prefeitura e ao MP, o grupo destaca a importância histórica, social, econômica e cultural da vida noturna para o bairro, além da necessidade de se "ampliar o diálogo entre os moradores e os estabelecimentos comerciais". O texto defende, ainda, que "as autoridades têm que cumprir com seu dever de fiscalização das ruas e avenidas do bairro, prevenindo e evitando abusos quanto ao ruído, ao trânsito, circulação de pessoas e o acúmulo de lixo".
– O abuso de álcool e drogas não é decorrente dos bares. As autoridades e o Conselho Tutelar precisam ser mais presentes no bairro. Temos outros problemas, precisamos de uma polícia comunitária, proximidade entre moradores e Brigada, atuação cidadã e preventiva da polícia. São demandas que estão sendo preteridas em razão dessa falsa polêmica – disse Bernardes, morador da Cidade Baixa há 19 anos.
No mês passado, o Ministério Público expediu uma recomendação para que a prefeitura implemente um plano de intervenção na Cidade Baixa em até 30 dias. A Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente disse que o documento resultou de reclamações dos moradores do bairro boêmio.
No começo de agosto, a reportagem de ZH esteve na Rua João Alfredo, onde o movimento dos finais de semana divide opiniões de moradores e frequentadores do bairro. A tensão, que cresceu nos últimos meses, tem motivado intervenções da Brigada Militar na região.