Foi marcado pelo tom de desabafo o discurso do prefeito Nelson Marchezan na assinatura da carta de intenções para a implantação do Hospital Santa Ana, realizada no Hospital Espírita, na manhã desta segunda-feira (28). Durante 20 minutos, Marchezan falou sobre a importância das parcerias público-privadas (PPPs) e da revisão da tabela do IPTU de Porto Alegre, criticou a atuação da imprensa e de categorias "corporativistas" que têm atacado as medidas de contenção de gastos da prefeitura e prometeu apertar ainda mais o cinto com a folha de pagamento do funcionalismo público municipal.
– Vai piorar. Vamos pagar menos no dia 30 e atrasar mais a segunda parcela – avisou o prefeito, que no mês passado parcelou o salários dos servidores, limitando o primeiro pagamento a R$ 6.650 por matrícula.
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O prefeito aproveitou o lançamento de uma das primeiras PPPs da atual gestão – o novo hospital é uma parceria entre a prefeitura e a Associação Educadora São Carlos (Aesc) – para defender a concessão do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) à iniciativa privada, criticada por ex-diretores do departamento, incluindo membros do governo do Estado. Ele avaliou que as PPPs foram evitadas por governos anteriores devido a um "discurso ideológico atrasado".
Marchezan também saiu em defesa das medidas de contenção de despesas adotadas pela prefeitura desde o começo do ano. Conforme o chefe do Executivo municipal, foram economizados R$ 450 milhões nos primeiros sete meses de governo em função de iniciativas da gestão iniciada neste ano – algumas delas avançam por territórios polêmicos: neste domingo, entrou em vigor a limitação da segunda passagem gratuita a estudantes, determinada por decreto. Há pacotes para serem votados na Câmara Municipal que extinguem benefícios de usuários do sistema de ônibus e mudam o plano de carreira dos servidores municipais.
A cobertura das ações do governo não ficou de fora da avaliação do prefeito, que criticou a atuação da imprensa e dos "formadores de opinião":
– A imprensa gaúcha tem essa mania de ouvir todos os lados: se todo mundo sabe o que é certo, e se tem um boi-corneta, que sempre tem, não precisa dar espaço como se ele tivesse a mesma importância.
O prefeito destacou, ainda, a relevância da revisão da planilha do IPTU da Capital, argumentando que, atualmente, "os ricos pagam um imposto injusto com os mais pobres". Ele atacou o que chamou de "categorias corporativistas que não pensam no bem da cidade".
– Não tem inovação sem briga, sem quebrar paradigmas, sem discutir com os mais medíocres, mais atrasados e ideologizados. A gente só chegou até aqui por causa da construção política. Estamos dando um passo gigantesco cujos resultados virão em breve – finalizou.