Anunciados em 2012 como uma solução para problemas de mobilidade em Porto Alegre, os ônibus rápidos dos BRTs agora devem ter parte dos recursos obtidos via PAC da Copa destinados a outras obras de mobilidade urbana.
Segundo o secretário de Gestão e Planejamento, José Alfredo Parode, a decisão foi tomada após a prefeitura estimar que o sistema deve exigir investimentos bem maiores, de R$ 1 bilhão. O orçamento inicial, de R$ 195 milhões, previa BRTs na Bento Gonçalves, João Pessoa e Protásio Alves. A intenção, agora, é adicionar a Avenida Assis Brasil e desenhar um plano maior, que prevê o transporte integrado de diferentes modais entre a Capital e a Região Metropolitana.
– Identificamos a necessidade de uma visão mais abrangente. Os BRTs são apenas uma parte, precisa funcionar numa lógica de integração – disse Parode na manhã desta segunda-feira.
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No entanto, ainda não há previsão para que os porto-alegrenses usufruam do sistema mais eficiente de deslocamento por ônibus. A elaboração de um projeto executivo está prevista no orçamento do ano que vem. Veja os principais trechos da entrevista:
No Portal da Transparência, o investimento previsto para a conclusão dos BRTs é de R$ 195 milhões. Como se chegou à estimativa de R$ 1 bilhão?
O contrato foi assinado em 2012 para as obras da Copa. Fizemos uma reavaliação do estudo preliminar que foi apresentado na Caixa, que envolveria as estações e terminais. E esse valor, ele era insuficiente.
O valor no Portal da Transparência incluía estações e terminais, não?
Na verdade, isso é uma estimativa. Para chegar ao valor exato, precisamos do projeto executivo. E não tinha. Existia uma reserva de valor, mas não um projeto executivo. Há a necessidade de um projeto integrado com toda a Região Metropolitana, incluindo, inclusive, os demais corredores, como a Assis Brasil, que não tinha. Então não é só para os três (corredores). É necessidade de todo sistema.
O que foi incluído na estimativa?
Incluía o que estava aqui e mais os corredores da Assis Brasil.
Esse novo valor é de todo o projeto de integração com a Região Metropolitana?
Isso. Com a integração viária e tarifária, com todos os modais de sistema de transporte. Porque não adianta fazer o corredor sem ter essa preocupação com a integração com a Região Metropolitana.
Como isso será feito?
Estamos em tratativas com a Metroplan, a EPTC e a União. E pela dimensão do projeto, sua complexidade e o valor, certamente, nós precisaremos buscar recursos através de Parcerias Público Privadas (PPP) para contemplar os terminais e as estações. Mas tudo isso é o projeto executivo que vai indicar.
Faz sentido utilizar o recurso do BRT, já garantido, para outros fins?
A verba não será utilizada para outros fins. Uma parte está sendo utilizada para os BRTs. Estamos apenas deslocando parte dos recursos. Vamos concluir a repavimentação (dos corredores) e fazer o monitoramento (eletrônico dos corredores). Agora, nós identificamos a necessidade de uma visão mais abrangente em relação ao sistema de transporte de Porto Alegre. Os BRTs são apenas uma parte: envolve o trem, envolve a questão do aproveitamento do rio. O BRT precisa funcionar numa lógica de integração, com linhas alimentadoras.
Então o BRT não existirá mais da forma que foi pensado em 2012?
Não dá pra dizer. O que vai determinar é o projeto executivo, que não tinha. Nós pretendemos contratar uma consultoria para elaborar isso, é um trabalho complexo. Esperamos que isso se defina até o final do ano. Esse projeto executivo custa na ordem de R$ 5 milhões e estamos incluindo no orçamento de 2018. Não quero iniciar nada que eu não tenha garantia de início e fim.
Como se chegou ao valor de R$ 1 bilhão?
O projeto executivo vai dizer.
Mas o que foi considerado na estimativa?
O que foi apresentado no projeto (anterior): estações, terminais, plataformas, entende?
Isso consta no Portal da Transparência. O que são os outros R$ 800 milhões?
É o projeto apresentado... Aquele projeto, da forma como foi apresentado...
A conta antiga subestimava o valor real?
Não foi feito projeto executivo, foi feito um estudo preliminar. Pra fazer uma coisa dessa dimensão, precisa do projeto executivo detalhado. E o projeto executivo não existe.
Então, como vocês chegaram ao valor de R$ 1 bilhão?
Em cima do que o estudo preliminar estava compondo. Com as estações e os terminais, incluindo a Assis Brasil.
O que desse valor corresponde à Assis Brasil?
Teremos todas essas informações, de forma detalhada, nos próximos dias.
Seria importante. De R$ 250 milhões para R$ 1 bilhão é muita diferença.
É uma estimativa preliminar... Não dá para afirmar que vai ser isso. É uma preliminar em cima do que foi apresentado. Tem a ideia da integração com a Região Metropolitana. O projeto básico é que vai definir. Além daquilo que está sendo feito, identificamos que o valor seria insuficiente – não em relação ao que foi apresentado, mas no sentido do que é necessário para a cidade.
O antigo projeto do BRT foi abandonado?
Não estamos falando nisso. Estamos trabalhando para aproveitar aquilo que já foi feito, trabalhando na lógica da solução estruturante e de futuro.
E o novo, vai ser concluído até o fim do governo?
O projeto executivo é que vai dizer. Nós pretendemos avançar no que for possível. Mas se nós deixarmos o projeto executivo pronto, já é uma grande coisa. Mas pretendemos, senão der para terminar, iniciar.