Na manhã desta segunda-feira (28), cerca de 70 pessoas formaram uma fila que se estendia por cerca de 50 metros, desde a porta do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Partenon, na Rua Barão do Amazonas, até logo depois da esquina da Avenida Bento Gonçalves.Desde as 6h da manhã moradores do bairro Partenon e da região aguardavam a distribuição das 50 fichas para agendamento de atendimentos do Cadastro Único para programas sociais do Governo Federal. Vinte deles tiveram de ir para casa sem o agendamento – por volta das 8h, as 50 fichas foram distribuídas e o restante terá de voltar na semana que vem.
Segundo uma funcionária do Cras do Partenon que pediu para não ser identificada, normalmente essa unidade opera com três entrevistadores, o que possibilita a distribuição de 60 a 70 fichas de agendamento. Nesta segunda, apenas dois funcionários de uma empresa terceirizada faziam o serviço.
– Antes a gente tinha oito estagiários, e conseguíamos dar conta de mais agendamentos. Hoje estamos com apenas dois funcionários terceirizados, esperando a empresa nos encaminhar mais um para conseguirmos aumentar o número de agendamentos semanal – relata.
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Segundo a funcionária, o atendimento para quem vai ao Cras realizar o Cadastro Único leva, em média, 30 minutos. O mesmo funcionário é responsável por realizar o cadastro, o planejamento do atendimento e o agendamento.
– O bairro Partenon é muito grande, com uma demanda de cadastro único bastante elevada. É pouco equipamento para todo esse território – lamenta.
Indignada com a baixa quantidade de fichas para agendamento ofertadas, Jenifer Priscila de Oliveira Pugim, 25 anos, retornou para casa, no bairro Partenon. Para fazer o cadastro de seu filho no Bolsa Família, ela chegou às 7h30min na fila.
– Essa fila é só para fazer agendamento, então eu não consigo entender como podem distribuir só 50 fichas se tinha mais de 70 pessoas na fila. Se pra agendar é complicado assim, imagina quando for para realizar o cadastro? – questiona.
Natural de Piquete, no interior de São Paulo, Gabriela Correa Ribeiro, de 18 anos, é estudante de publicidade na UFRGS e chegou por volta das 7h para fazer o cadastro no programa ID Jovem, que possibilita, entre outros, vagas gratuitas ou com desconto no sistema de transporte coletivo interestadual. A passagem de ida e volta para sua cidade custa R$ 572. Para Gabriela, o pior foi a informação incorreta que recebeu:
– Eu liguei para o Cras na sexta-feira e me disseram que eu precisava vir até aqui fazer o agendamento, mas ninguém me informou que tinha fila, nem número limitado de agendamentos. Só me disseram para vir.
Rachel de Oliveira, 23 anos, moradora da Vila Cachorro Sentado, veio até o Cras verificar a situação do Cadastro Único de sua família. Desempregada e com dois filhos pequenos, há três meses ela está sem receber o Bolsa Família.
– Eu chego no caixa para receber e aparece uma mensagem de que meu benefício está sob revisão. Eu já vim aqui mês passado e eles refizeram todo o meu cadastro, mas eu continuo sem receber – lamenta.