Uma operação da Guarda Municipal de Porto Alegre revoltou vendedores ambulantes do Centro Histórico, que resistiram ao recolhimento de mercadorias no final da tarde desta quinta-feira. Eles bloquearam as avenidas Júlio de Castilhos e Mauá, colocando fogo em caixas de madeira e em um contêiner de lixo. Dois deles foram detidos.
Os manifestantes jogaram frutas e pedras contra a Guarda Municipal e a Brigada Militar, que revidou com bomba de efeito moral. Tropas de choque e cavalaria atuaram no local, e a situação se normalizou por volta das 19h, com a liberação das vias. O transporte coletivo foi prejudicado, já que ônibus ficaram presos no congestionamento, não conseguindo chegar ao Terminal Parobé.
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No momento da confusão, a Guarda Municipal realizava a Operação Retomada, que mobilizou cem agentes em diferentes ruas e avenidas do Centro Histórico. O objetivo era coibir furtos, tráfico de drogas e comércio ilegal. Em nota, a prefeitura disse que "os guardas realizaram um trabalho de abordagem, orientando os ambulantes de rua a deixarem o local" e que "os que permaneceram tiveram os seus materiais apreendidos pelo setor de fiscalização da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), acionada para auxiliar na operação".
Um vendedor de frutas e verduras, que preferiu não se identificar, afirmou que os agentes levaram as mercadorias sem dar a opção de os ambulantes recolherem.
– A confusão começou em função de levarem as mercadorias. Nisso, botaram um (vendedor) no chão, e começamos a jogar frutas e caixas. Trancamos a Mauá e a Júlio de Castilhos para protestar, para ver se eles deixam a gente trabalhar – disse o jovem de 22 anos, que atua na região desde os 17.
Roben Martins, comandante da Guarda Municipal, tem outra versão: o tumulto teria se iniciado quando uma vendedora ambulante ilegal agrediu um dos guardas municipais. Ele relata que, depois disso, foi dada voz de prisão a ela – por isso, outros ambulantes teriam começado a jogar pedras, paus e frutas nos guardas. Uma arma de choque, conta Martins, foi usada para contê-la.
O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pela região, tenente-coronel Oto Amorim, questiona o método utilizado pelos manifestantes.
– Teve algum tumulto envolvendo alguns camelôs. Como tem pessoas da sociedade apoiando manifestação, botar fogo em contêiner, jogar pedra em brigadiano, esse exemplo se alastra. A sociedade tem que debater isso: é justo agora todo mundo aceitar tocar pedra em brigadiano, botar fogo em tudo? – afirma.