Pouco mais de um mês depois do lançamento do aplicativo Pelas Ruas – iniciativa de Rádio Gaúcha, Zero Hora e RBS TV –, mais de 8,5 mil pessoas cadastraram número superior a 1,9 mil demandas sobre Porto Alegre e Região Metropolitana. Entre os principais relatos, há reclamações, mas não faltam sugestões sobre melhorias que poderiam ser implantadas na cidade. Palpites sobre mobilidade urbana, serviços e manutenção estão entre os que mais estimulam os usuários do aplicativo.
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ZH reuniu algumas proposições de leitores e conversou com prefeitura e especialista para analisar a viabilidade de ideias surgidas nas postagens. Conheça as propostas e saiba se são viáveis:
Pavimentação de beco desafogaria trânsito
Na opinião dos usuários Everton Ribeiro e Nestor Bavaresco, o Beco Souza Costa – trecho de estrada de chão que liga a Avenida Protásio Alves à Rua Irmão Norberto Francisco Rauch, em Porto Alegre – poderia ajudar a desafogar o trânsito na região caso fosse pavimentado. O local, segundo eles, é utilizado atualmente como "rota de fuga" por motoristas que querem acessar a Avenida Antônio de Carvalho, mas não tem boa infraestrutura.
Para o engenheiro de trânsito e professor da UFRGS João Fortini Albano, a alteração seria possível, e uma boa ideia para destinar parte do tráfego da Protásio Alves. Exigiria, porém, um estudo prévio e um provável alargamento para transformar a rua em uma via coletora – de ligação entre duas arteriais.
– Em tese, parece boa ideia. Teria de verificar se não é uma zona residencial e se seriam necessárias desapropriações. Para canalizar esse tráfego, ela (estrada) teria de ter uma largura em torno de 22 metros – explica.
O que diz a Smim: procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade (Smim) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "é necessário um levantamento" para mais informações, que não poderia ser realizado ontem.
Estacionamento em rua é questionado
Via de mão dupla quase na esquina com a Avenida Plínio Brasil Milano, a Rua Germano Petersen Jr. tem o fluxo prejudicado em razão do estacionamento, que em alguns trechos é permitido nos dois lados. Segundo relato do usuário Bernardo Noronha, que questiona a possibilidade de restringir o estacionamento no local, nesses casos a rua acaba permitindo a passagem de apenas um carro por vez.
O engenheiro de trânsito João Fortini Albano diz que o problema é recorrente em vias da Capital. Em situações como essa, explica, o mínimo que pode ser feito é a eliminação do estacionamento em um dos lados. Caso não haja resultado, afirma, o ideal para aliviar o problema seria proibir a parada de veículos dos dois lados:
– Restringir em um dos lados ameniza, e não prejudica tanto o comércio e os moradores locais. Mas também é possível deixar a via em sentido único e utilizar a mais próxima para sentido contrário, como em binário. É preciso avaliar o que é mais adequado.
O que diz a EPTC: a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informa que "a rua é, basicamente, de trânsito local, com sinalização atualizada em 2014, sendo proibido estacionamento em trecho de um dos lados da via" nas proximidades da Plínio Brasil Milano. Diz, contudo, que "será feita uma reavaliação sobre as atuais condições de circulação na atualidade" e acionará a fiscalização "para fazer cumprir a sinalização existente".
Quebra-molas poderia inibir rachas
A usuária Talita Fernandes alerta para a necessidade de intervenção em vias da zona sul da Capital, nas proximidades da Avenida Juca Batista, que estariam sendo palco de rachas (corridas clandestinas de carros). Conforme a sugestão, a Rua Doutor Hermes Pacheco poderia receber quebra-molas como forma de inibir a prática na região.
Segundo o professor da UFRGS João Fortini Albano, o quebra-molas pode ser uma boa alternativa para impedir rachas, desde que esteja de acordo com as normas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), além de bem sinalizado. O uso de tachões também poderia ser avaliado como dispositivo auxiliar.
– Tem de ter uma inclinação suave. Um quebra-molas muito alto pode surpreender quem não conhece o local. Tem de ter uma sinalização bem ostensiva para alertar. Mas é preciso exercer a fiscalização. Fazer racha é gravíssimo – avalia Albano.
O que diz a EPTC: de acordo com a EPTC, "o pedido será analisado tecnicamente", e o setor de fiscalização do órgão deve ser acionado para averiguar os rachas denunciados.
Faixa reversível para aliviar a saída da Capital
Congestionamentos recorrentes na saída de Porto Alegre pela Avenida Bento Gonçalves, em direção a Viamão, motivaram a postagem de Daniel Beloni. Ele sugere a implementação de uma faixa reversível no trecho para aliviar o trânsito em horários de pico. No sentido Viamão-Capital, o problema é intenso pela manhã.
Para o engenheiro de trânsito João Fortini Albano, a ideia é boa, mas exige estudos aprofundados. Ele acredita que a solução pode ser "difícil de aplicar" em razão da faixa de ônibus existente na avenida.
– Tem de haver uma sinalização muito boa, se não houver outra saída – pondera.
O que diz a EPTC: o órgão informou que "desenvolve estudos para qualificação da circulação na Avenida Bento Gonçalves, principalmente no trânsito sentido Viamão-Porto Alegre" no horário indicado pelo usuário. A sugestão de faixa reversível, segundo o órgão, "foi encaminhada para a área de planejamento de trânsito".
Poda onde galhos prejudicam a iluminação
Dos mais de 10,8 mil pedidos de poda e remoção de árvores em Porto Alegre que aguardam por execução desde 2014, período em que não é realizado contrato para as ações, várias situações impõem demandas a outros serviços, como uma planta que aguarda por reparos na Rua Barão de Teffé, bairro Menino Deus. Conforme a usuária Leda Muhlen, os galhos já estão encobrindo o poste de luz, prejudicando a iluminação.
O que diz a Surb: segundo a Secretaria de Serviços Urbanos (Surb), tramita "licitação para contratação de empresa que fará podas e supressões de árvores em vias públicas". "A Surb tem trabalhado com duas equipes que realizam podas e supressões em casos emergenciais, em árvores caídas ou com risco de queda, que possam causar danos à população e a patrimônios. Também, em conjunto com a EPTC, tem realizado todas as terças-feiras remoção de galhos que impedem a visualização de sinalização de trânsito".