A Praça da Matriz vai se transformar – para voltar a ser como já foi. Centro em torno do qual gravita o poder político do Estado, a área deve ser tomada por obras nos próximos dois anos, começando pelo restauro do Monumento a Júlio de Castilhos.
Os trabalhos na escultura devem começar no início de abril, de acordo com a equipe do PAC Cidades Históricas, setor que integra a Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. O prazo é de oito meses. Além da limpeza do granito e do bronze do monumento, haverá uma análise estrutural com auxílio do especialista francês Antoine Amarger – restaurador de esculturas metálicas que, neste mês, também avaliou o Laçador.
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– Será verificada a situação das peças em bronze, que, desde 1913, nunca foram analisadas nem restauradas. Assim como a situação interna quanto à existência de infiltrações, ferrugem ou patologias. A ideia é fazer um belo diagnóstico e, a seguir, tomar as medidas para sanar o que for necessário – explica o arquiteto Luiz Merino Xavier.
A requalificação das imediações do monumento também será contemplada nesse primeiro momento – ou seja, toda a esplanada em nível mais alto onde a escultura está localizada. O piso de basalto será recolocado, as escadarias serão limpas e realinhadas, as luminárias serão restauradas, bem como os balaústres (muretas laterais).
O orçamento para essa primeira etapa de obras fica em torno de R$ 1,1 milhão e já está garantido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por meio do PAC Cidades Históricas. Para assinar a ordem de início das obras, o programa aguarda apenas o envio de parte da documentação pela Interativa Construções, de Esteio, e pretende também realizar reunião com a empresa.
A respeito do constante uso do espaço por skatistas, para manobras ao redor do monumento, Merino afirma que não há previsão de fazer um espaço próprio para a prática do esporte no local.
– A praça é relativamente pequena e muito perfeita na sua concepção estética. Qualquer tipo de intervenção nova pode alterar o seu caráter – ressalta.
Merino explica que a segunda etapa, contemplando a requalificação do restante da Praça Marechal Deodoro – como é nomeada oficialmente a Praça da Matriz – começará depois de finalizadas as obras junto ao monumento principal.
– A execução concomitante das obras, com diferentes empresas, exigiria dois galpões de obra, duas entradas e saídas, seria muito complicado. Se tudo correr bem com o cronograma da restauração do monumento, no final deste ano começaremos a obra da praça – diz.
Com orçamento em torno de R$ 2,7 milhões, do Iphan/PAC Cidades Históricas, e prazo de 12 meses de execução, essa nova etapa incluirá a restauração da pavimentação de pedras portuguesas e dos postes de iluminação, colocação de novos pontos de luz e lixeiras e manutenção dos bancos.
Inicialmente, era prevista a retirada do asfalto nas ruas do entorno da praça, retornando aos característicos paralelepípedos da região central. Mas Merino explica que essa questão será reavaliada.
No início do mês, prefeitura e Assembleia Legislativa se reuniram com intuito de formar um grupo de trabalho para revitalizar a praça. Segundo o presidente da Casa, deputado Edegar Pretto (PT), presente no encontro, não foram definidas ações a curto prazo, mas a reunião serviu para demonstrar que o poder estadual também tem interesse na conservação do local.
– Fomos nos colocar à disposição para ajudar a cuidar da praça, sugerimos uma soma de esforços. Há uma concordância unânime de que precisamos conservar melhor este espaço. A prefeitura ficou de ver, no futuro, como podemos participar, para que os demais poderes também possam se integrar – explica o deputado.