O prefeito Nelson Marchezan, em palestra no almoço promovido nesta terça-feira pela Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA), afirmou que está chateado com o lugar na posteridade que o futuro lhe reserva.
– Estou triste por ser o prefeito que vai entrar para a história como o primeiro prefeito que atrasou salários – disse Marchezan, em tom franco e incisivo.
O prefeito destacou, no evento da ACPA batizado Menu Porto Alegre, que a severidade da crise econômica traz consequências que não serão resolvidas em curto prazo. Ele chegou a assegurar que os servidores municipais poderão ficar "alguns meses" sem receber nada de salário.
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Apesar de revelar tristeza, Marchezan também manifestou alegria por ver a derrocada financeira como oportunidade para fazer transformações. O prefeito afirmou que irá mexer no transporte público, com a proposta de redução de isenções de tarifa de ônibus. Também citou a implantação do reconhecimento facial como forma de levar mais segurança aos coletivos, além de exigir das empresas do setor maior transparência quanto aos seus ganhos.
– Vou fazer tudo o que precisa ser feito – avisou o prefeito, sugerindo que irá enfrentar sindicatos e corporações para adotar medidas que levem ao enxugamento da máquina pública e efetivação de parcerias público-privadas.
Na etapa das perguntas dos empresários, um questionamento foi crítico a Marchezan por ter mantido à frente da atual gestão da EPTC um remanescente do mandato anterior. O perguntador manifestou inconformidade ao indagar se "vamos continuar sendo multados?" O prefeito, na resposta, assegurou que a EPTC já mudou sua conduta e forma de atuação.
– Não tem mais tocaia (agentes ocultos para multar infratores). Não tem mais tocaia para Uber – rebateu Marchezan.
Ele ainda respondeu sobre a Carris, que acumula prejuízo anual de cerca de R$ 50 milhões.
– Se tiver um comprador, pode nos apresentar – respondeu o prefeito sobre a empresa pública de transporte de Porto Alegre. Ele, contudo, manifestou acreditar que não é momento de negociar a estatal.