Acompanhada de um fenômeno chamado "downburst" – quando ventos extremos se desprendem de uma supercélula de tempestade –, a forte chuva de 29 de janeiro de 2016 deixou pessoas feridas, casas destelhadas, vidros quebrados e sistemas de abastecimento de água e energia elétrica prejudicados. O mais marcante dos efeitos talvez tenha ocorrido em árvores: galhos e troncos inteiros ficaram espalhados por ruas e parques da cidade.
Depois de cerca de 3 mil árvores serem danificadas, aproximadamente 2 mil novas mudas foram plantadas desde junho, quando começou o trabalho de recomposição. Desse total, 1,5 mil repovoaram as clareiras abertas pela tempestade nos parques – especialmente no Marinha, na Redenção e no Harmonia. Canteiros centrais e calçadas em regiões como a Zona Leste também voltaram a ganhar ares mais verdes.
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Segundo a prefeitura, não é necessário repor todas as 3 mil árvores de uma só vez – o plantio pode ser aos poucos e permanente. A definição sobre tipos de plantas e locais leva em conta fatores como condições do solo, se há tubulação ou fiação elétrica no espaço e localização das bocas de lobo. Como, nesse replantio, passou-se a priorizar mudas nativas e sua boa integração com a cidade – tentando evitar que, futuramente, raízes tomem conta de calçadas e galhos prejudiquem a passagem de pedestres, por exemplo –, pode ser que haja um número total de árvores nos locais atingidos menor que antes.
Um dos responsáveis pela concepção do Marinha do Brasil, o arquiteto Ivan Mizoguchi lembra ter visto com tristeza a devastação do local. Mas avalia que o parque, assim como a cidade, se recuperou bem da destruição.
– A cada momento, a gente pensa se o projeto não precisa ser renovado, retomado, mas não havia como lutar contra a força da natureza naquela ocasião. Jamais poderia imaginar que aquilo pudesse acontecer no Marinha. Mas ele está sendo recuperado. O que mais preocupou foram os prejuízos causados às pessoas, não ao parque – afirma Mizoguchi.
O número de árvores danificadas, apesar de alto, representa apenas 0,2% do total de 1,3 milhão de unidades em Porto Alegre, uma das mais arborizadas capitais brasileiras. Entre as espécies plantadas desde junho para substituir os vegetais atingidos estão tipuana, jacarandá, pau-ferro, ingá, sobragi, pau-de-tamanco, araçá, pitangueira, camboatá-vermelho, angico, ipê, cocão, figueira, capororóca, açoita-cavalo, maria-preta e louro.