Depois da disputa pelo IPTU, a troca de farpas pública entre o ex-prefeito de Porto Alegre José Fortunati e o atual gestor Nelson Marchezan ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira, quando o segundo convocou uma entrevista coletiva para apresentar a situação financeira da prefeitura, chamada de "A Porto Alegre que recebemos".
Antes mesmo do evento começar, o ex-chefe do Executivo já usava o Twitter para dizer que o atual inflou números para poder espalhar o caos e adotar medias impopulares. Depois da coletiva, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Fortunati afirmou que Marchezan teria mentido sobre o atraso no pagamento de fornecedores.
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Na entrevista coletiva, a atual gestão afirmou que o governo passado deixou de pagar fornecedores acima de R$ 8 mil desde maio de 2016 e, a partir de setembro, não pagou nenhum dos credores. Apenas para uma empresa de coleta de lixo, maior credora, a prefeitura deve R$ 9,9 milhões, conforme a equipe de Marchezan.
– É mentira. Não pagamos de forma geral, mas os principais fornecedores, os prestadores de serviços, nós continuamos pagando mensalmente. Porque, se as empresas não recebessem da prefeitura, não teriam como pagar a mão de obra, e os serviços iriam parar. E aí existem empenhos superiores a R$ 8 mil, ou vocês acham que a coleta de lixo vale somente R$ 8 mil? As obras que não pararam também têm um montante muito mais elevado do que R$ 8 mil – respondeu Fortunati.
O ex-gestor ainda acrescentou que "os serviços não pararam" na Capital, apenas "algumas obras". O atendimento de saúde, segundo Fortunati, "foi ampliado".
– Houve a queda dos repasses para o SUS, que fechou hospitais do Interior, então tivemos que ampliar os atendimentos na Capital. Não houve crise na saúde em Porto Alegre em 2016, não pela falta de atendimento – explicou.
Fortunati também criticou o fato de Marchezan ter dito que a crise financeira da prefeitura é pior do que a do Rio Grande do Sul, sendo que "o secretário da Fazenda vem do Estado". Na coletiva, a atual gestão informou que o déficit municipal representa 9,7% da receita, enquanto o déficit do Estado representa 6,2%.
– (A conta) não leva em consideração os saques do caixa único que o Estado faz, além dos saques dos depósitos judiciais. Joga-se números ao ar para criar uma confusão. Como ele (Marchezan) tem dificuldade de administrar, não tem experiência na área pública, quer criar a ideia do caos para depois dizer que não conseguiu fazer por causa disso ou aparecer como o salvador da pátria por ter colocado a cidade em dia. Não dá para simplesmente engolir isso – completou.
Assim como em sua conta no Twitter, Fortunati voltou a afirmar na entrevista que o sucessor "inflou" os dados sobre a situação financeira da prefeitura.
– Não vou entrar na polêmica de em quem as pessoas devem acreditar, também estou ancorado em dados. Marchezan ignorou os financiamentos de R$ 250 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para a educação e de R$ 280 milhões da CAF (Corporação Andina de Fomento) para obras da orla do Guaíba e revitalização da Rua da Praia – afirma.
O ex-prefeito ainda disse Marchezan está fazendo "disputa política" e o comparou com Donald Trump, presidente americano que tenta "desqualificar" o antecessor Barack Obama em suas falas. Fortunati ainda completou afirmando que irá ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) pedir providências sobre o caso.
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