Ao entrar na Avenida Nilo Wulff, no Extremo Sul de Porto Alegre, já é possível avistar as longas filas de ônibus parados dos dois lados da via. Estacionados em frente à casas e comércios por falta de um posto de estocagem – local onde ficam durante o dia entre uma viagem e outra - os coletivos causam problemas a moradores e passageiros que usam o terminal da Restinga Nova, na mesma avenida.
De acordo com o comerciante Vladimir Batista Machado, 49 anos, a comunidade lutou por 40 anos para ter uma empresa de ônibus atendendo a Restinga, a emprega Tinga. Mas, no início de 2016, o posto de estocagem que ficava na Avenida João Antônio da Silveira foi vendido e quem assumiu o transporte foi a Transportes Coletivos Trevo.
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Um terreno atrás do terminal foi cedido pela prefeitura para as paradas dos ônibus. Contudo, o local é inapropriado para o serviço.
Interdição
Em dias quentes, muita poeira, em dias de chuva, muito barro, além de alagar os acessos ao redor do terminal.
– Tínhamos um espaço ótimo na Avenida João Antônio da Silveira, era referência em ponto de estocagem. Era um espaço amplo, com garagem, lavagem. Nos deram uma área sem infraestrutura – queixa-se Vladimir.
No dia 11 de outubro, moradores da Nilo Wulff e do entorno fecharam a entrada do terreno, proibindo os ônibus de estacionarem no local. Posteriormente, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) fez uma vistoria constatou a inviabilidade de manter o terreno como posto de estocagem.
– A terra da área entope os bueiros e é prejudicial para a saúde respirar aquela poeira. Não tivemos outra escolha a não ser interditar, mas isso trouxe outro problema, que foi os ônibus ficarem estacionados ao longo da avenida – conta o idealizador do Aquários Espaço Cultural Carlos Alberto Machado, Dante Gomes, 51 anos.
Motoristas e cobradores preferiram não se manifestar sobre o assunto.
Infraestrutura que gera preocupações
A quantidade de ônibus parados e circulando no terminal não condizem com o espaço do local. São 19 linhas, entre diárias, de finais de semana, feriados, alimentadoras, escolares, eventuais e rápidas. O peso do veículos desnivelou as vias, o que gera acúmulo de água.
– Em dias de chuva, as pessoas caminham com água pelas canelas por aqui – diz o comerciante Luciano da Silva Sasse, 43 anos.
Quem sai antes do sol raiar ou volta para casa depois que ele se põe, sofre com a falta de iluminação no terminal. O segurança Lucas Rodrigues de Oliveira, 22 anos, afirma:
– Uso diariamente o terminal, moro aqui a vida toda e sempre teve problemas. Trago minha esposa às 5h e volto para casa depois das 21h, é muito perigoso.
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Explicações
EPTC
De acordo com o gerente de planejamento, Flavio Tomeleiro, um projeto de reforma para o terminal da Restinga Nova foi apresentado à comunidade. As obras, que incluem tratamento do piso, ampliação do espaço, terraplanagem e pavimentação do terreno para estocagem os ônibus, iluminação, paisagismo e isolamento acústico, estão programadas para começarem ainda no primeiro semestre de 2017.
Enquanto o projeto não sai do papel, os motoristas estão instruídos a estacionar os ônibus na Avenida Nilo Wulff (mas não em frente a garagens particulares).
Departamento de Esgotos Pluviais (Dep)
A assessoria de comunicação informou que a Seção Sul de Conservação esteve no local no dia 9 de dezembro e constatou que a rede pluvial está limpa e desobstruída.
Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov)
Em função da água parada nas vias, a secretaria promete providenciar o conserto na semana que vem. As lâmpadas queimadas nas ruas em torno do terminal serão trocadas pela Divisão de Iluminação Pública (Dip), nas próximas semanas.
Trevo
A reportagem entrou em contato com a empresa nos dias 8, 9, 12 e 13 por telefone e e-mail e não recebeu retorno sobre a situação.
Produção: Shállon Teobaldo