Após deixar o cargo de diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), André Carús afirmou que a decisão foi motivada pela ação do Ministério Público (MP) realizada nessa quinta-feira (24). Mandados de busca e apreesão foram cumpridos na casa dele e no órgão municipal. A carta de demissão foi entregue pessoalmente ao prefeito José Fortunati nesta sexta-feira (25)
“Foi em função da operação que foi aberta e da maneira que ela se deu, sobretudo no interior da sede do DMLU. Achei desnecessária a operação”.
Carús acredita que todas as situações agora investigadas pelo MP já haviam sido atacadas pelo DMLU. Diz ainda que o município não teve prejuízo, já que identificou a quantia cobrada indevidamente pela empresa Belém Ambiental, que realiza a coleta de lixo, e bloqueou pagamentos à Cootravipa, responsável pela limpeza de ruas e parques da cidade.
Normalidade
José Fortunati afirma que recebeu com normalidade o pedido de demissão de Carús. O prefeito explica que a saída segue o padrão adotado pela prefeitura, de exonerar agentes que estejam sendo investigados. Reforça, ainda, que os fatos expostos pelo MP já eram de conhecimento do município.
"Carús solicitou a exoneração para que não paire qualquer dúvida sobre a investigação. Queremos mostrar claramente que não temos nada a esconder", afirma Fortunati.
DMLU
André Carús foi nomeado como diretor-geral do DMLU em 1º de janeiro de 2013. Em janeiro, assumirá como vereador após ter obtido 6.882 votos nas eleições de outubro. Em seu lugar no Departamento, assumirá o atual diretor adjunto, Vercidino Albarello.
Irregularidades
Neste mês, a Rádio Gaúcha produziu uma série de reportagens sobre as denúncias de irregularidades no DMLU. Documentos internos da prefeitura apontam descontrole na execução de contratos por empresas terceirizadas do Departamento. Num dos casos, ficou comprovado em relatórios de fiscalização do próprio departamento que a empresa terceirizada Belém Ambiental misturava restos de obra ao lixo domiciliar coletado para faturar mais, já que o pagamento é feito por peso de carga. A empresa inclusive admitiu a fraude e terá de devolver aos cofres públicos R$ 164 mil.
Em outra situação, a Cootravipa, cooperativa que executa capina e limpeza da cidade, foi flagrada com menos trabalhadores do que o previsto em contratos. A mesma cooperativa teve um pagamento suspenso pelo DMLU por suspeita de superfaturamento. Cobrou R$ 240 mil para fazer a limpeza das vias após o temporal que provocou destruição em Porto Alegre, em 29 de janeiro deste ano.