Quem mora, trabalha, estuda ou apenas passeia por Porto Alegre certamente já passou pelas avenidas Protásio Alves, Bento Gonçalves, Borges de Medeiros, Assis Brasil, entre outras. Elas são importantes vias da Capital e ligam o Centro aos bairros das zonas leste, norte e sul.
Mesmo passando por essas avenidas e ruas diariamente, você já se perguntou quem foram essas pessoas? Que relevância tiveram para o bairro em que viveram, para a cidade, o Estado ou o país?
O Diário Gaúcho se perguntou e investigou. Para descobrir, clique nos rostos dos personagens ou leia logo abaixo.
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Protásio Alves
Protásio Antônio Alves foi médico e político. Nasceu em Rio Pardo, no Vale do Rio Pardo, em 1859. Morreu em Porto Alegre, em 1933, aos 74 anos. Ele foi vice-presidente do Rio Grande do Sul duas vezes. Primeiro, de 1918 a 1923. Depois, de 1923 a 1928
Em 1897, ele e outros médicos fundaram o primeiro Curso de Partos, na Santa Casa de Misericórdia. Um ano depois, participou da fundação da Faculdade Livre de Medicina e Farmácia de Porto Alegre, hoje Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
De 1893 a 1908, Protásio assumiu a Diretoria de Higiene, que integrava a Secretaria do Interior e Exterior. Na época, defendia a construção de hospitais de isolamento para tuberculosos.
Antes de se chamar Protásio Alves, a avenida teve os nomes de Estrada da Capela, Caminho de Viamão, Caminho do Meio e Estrada do Capitão Montanha.
Borges de Medeiros
Por falar em Borges de Medeiros, seu nome completo era Antônio Augusto Borges de Medeiros. Ele nasceu em Caçapava do Sul, no Sudoeste gaúcho, em 1863. Morreu na Capital, pasmem, aos 97 anos, em 1961. Em 1885, se formou na Faculdade de Direito do Recife, em Pernambuco.
Em 1898, Borges de Medeiros se tornou presidente do Rio Grande do Sul, deixando o poder em 1908. Voltou cinco anos depois, em 1913, cargo em que ficou até 1928.
Por curiosidade, ele se casou com uma prima, Carlinda Godoy. Pelo casamento, recebeu uma estância. Os dois não tiveram filhos, mas adotaram uma sobrinha recém-nascida, chamada Dejanira.
Sertório
O primeiro nome de Sertório era João, e o último, Júnior. Nasceu em Santos (SP) por volta de 1820. Não se sabe, ao certo, quando morreu. Ele se formou em Direito na Academia de São Paulo, hoje Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Era filho do italiano João Sertório.
Na década de 1850, durante o Brasil Império, foi deputado nas assembleias provinciais de São Pedro do Rio Grande do Sul e, depois, de São Paulo. Hoje, o cargo corresponde ao de deputado estadual.
De volta ao Estado, se tornou presidente de província entre 1869 e 1870, função hoje correspondente à de governador. Nessa época, criou duas colônias italianas no Rio Grande do Sul: Conde D'Eu, atual município de Garibaldi, e Dona Isabel, hoje Bento Gonçalves.
Em 1888, um ano antes da Proclamação da República, recebeu o título de Barão de Sertório. A honraria é a mais modesta na hierarquia nobre, ficando atrás de visconde, conde, marquês e duque (o mais importante).
Bento Gonçalves
Foi líder da Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha, que se estendeu de 1835 a 1845.
Ele foi preso, levado pelo império ao Rio de Janeiro e à Bahia, de onde conseguiu fugir e voltar à província. Em 1936, enquanto ainda estava na Bahia, foi aclamado presidente da República Rio-Grandense.
Bento e a elite pecuarista do Estado constituíam um grupo muito prejudicado pela política fiscal do império. A corte imperial, por exemplo, sobretaxou a produção de carne sob forma de charque, base da economia gaúcha, para aumentar a arrecadação.
Ele nasceu em 1788, em Triunfo, e morreu em 1847, dois anos após o fim da guerra, em Guaíba (na época, Pedras Brancas).
Em 24 de março de 1936, essa importante via da capital recebeu o nome de Bento Gonçalves. Antes, foi chamada de Caminho da Capela e, ainda antes, de Estrada do Mato Grosso.
Edvaldo Pereira Paiva
Edvaldo Ruy Pereira Paiva foi engenheiro e urbanista. Formou-se na na Escola de Engenharia de Porto Alegre em 1935. Desde 1930, integrava o quadro de funcionários da prefeitura da Capital. Ele foi um dos fundadores da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O nome foi proposto em 1985 pelo então prefeito João Antônio Dib. Na exposição de motivos do projeto de lei, Dib dizia que Edvaldo representava o início do planejamento urbano em Porto Alegre.
Edvaldo criou a Divisão de Urbanismo da Secretaria Municipal de Obras e Viação. Nela, desenvolveu o primeiro Plano Diretor de Porto Alegre, em 1959.
Nasceu em Porto Alegre, em 1911, e morreu em 1981, em Montevidéu (Uruguai).
João de Oliveira Remião
Ele foi comerciante onde hoje é o Bairro Lomba do Pinheiro, na Zona Leste. João se estabeleceu na Parada 6 da Lomba e, ali, comprou as terras e um armazém de outro comerciante antigo da região. Com a esposa, Rafaela Serpa Remião, teve seis filhos.
Nasceu em 1888, em Viamão. Aos 45 anos, em 1933, morreu na Capital, por causa de um ataque cardíaco fulminante.
Na década de 1960, habitantes da Lomba do Pinheiro decidiram homenageá-lo, dando seu nome à avenida.
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João Pessoa
Ele, que ainda era Cavalcanti de Albuquerque, foi advogado, militar e político. Nasceu na Paraíba, em 1878, e morreu assassinado em Pernambuco, aos 52 anos, em 1930.
João Pessoa concorreu a vice-presidente de Getúlio Vargas nas eleições de 1º de março de 1930. Ele e Vargas faziam oposição ao candidato do governo, Júlio Prestes.
Os dois perderam, mas quem assumiu a presidência foi Vargas, devido ao Golpe de 3 de outubro de 1930. Um dia depois, a Avenida da Redenção recebe o nome de Avenida João Pessoa.
Até a década de 1940, a João Pessoa ia apenas até a Rua Laurindo, quase na atual divisão com a Avenida da Azenha.
Juca Batista
José Baptista Magalhães era comerciante e estancieiro. Nasceu em 1870, em Porto Alegre, e morreu em 1951, também na Capital. Na metade do século 19, suas terras iam dos atuais bairros de Ipanema até Belém Velho. Ele plantou árvores frutíferas e criou gado leiteiro.
A casa em que morava ficava nas imediações da avenida que hoje o homenageia. Naquela época, ainda que com chão batido, a avenida era a única forma de deslocamento entre a Zona Sul e o Centro.
Ele mantinha algumas instituições de caridade por meio de trabalho social, como a Santa Casa de Misericórdia, o Pão dos Pobres e o Asilo Padre Cacique. Parte de suas terras foram doadas para a construção do cemitério da Vila Nova e para a escola estadual Odila Gay da Fonseca.
Assis Brasil
O homenageado é o escritor, poeta, jornalista e político Joaquim Francisco de Assis Brasil. Natural de São Gabriel, na Campanha, nasceu em 1857 e morreu em 1938, com 81 anos, por causa de uma gripe.
Na juventude, aos 26, foi eleito deputado provincial.
Em 1889, na passagem do império para a república no Brasil, foi eleito deputado na Assembleia Nacional Constituinte para os anos de 1890 e 1891, a fim de elaborar a primeira constituição republicana.
Assis Brasil deu nome à avenida em 1948. Primeiramente, a via era chamada de Caminho do Passo da Areia. Por volta de 1855, com a urbanização e melhorias realizadas, ficou conhecida como Estrada do Passo da Areia.
Fontes: Acervo Histórico da Assembleia Legislativa de São Paulo; As Ruas de Porto Alegre (Eloy Terra); Biblioteca Jornalista Alberto André da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre; historiadores Davi Ruschel e Janete Rocha Machado; Medicina social e a liberdade profissional: os médicos gaúchos na primeira república (Lizete Oliveira); Memória dos Bairros: Lomba do Pinheiro (Secretaria Municipal da Cultura da Prefeitura Municipal de Porto Alegre); Memorial da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul; Museu Comunitário da Lomba do Pinheiro; Museu Imperial de Petrópolis; Museu Municipal de Cachoeira do Sul; Porto Alegre: Guia Histórico (Sérgio da Costa Franco); site Família Assis Brasil.
* Produção: Juliano Zarembski