Pneus murchos, vidros abertos, pedaços de árvores utilizados como trava de porta, placas quase caindo, lataria sucateada. A reportagem do ZH Pelas Ruas contou sete carros com características de abandono nos 600 metros de extensão da Rua General Portinho, no Centro Histórico de Porto Alegre. Com blocos de pedra atrás das rodas dianteiras e traseiras para evitar qualquer movimento, os veículos ocupam vagas que não fazem parte da Área Azul.
– Faz tempo que esses carros abandonados estão aqui. Prejudica quem trabalha aqui por perto e precisa estacionar. Às vezes, tem carro que dá cinco, seis voltas até achar uma vaga – comenta a aposentada Clarice Torres, 61 anos, moradora da região há mais de três décadas.
Os carros estão espalhados pelas sete quadras da rua, mas principalmente no trecho entre a Rua Sete de Setembro e Rua dos Andradas. Ali estão dois modelos antigos de Gol, um Uno CS, um Kadett e um Chevette. Na terceira quadra, uma Fiorino, que parece ter sido pintada a mão, é sustentada por quatro pedras, uma em cada roda. E um Mondeo bordô finaliza, na sexta quadra, a exposição de 28 "rodas" que há tempos não circulam pela Capital.
Morador de um prédio sem garagem no Centro Histórico, o analista de sistemas Joel Fernandes de Borba, 40 anos, com frequência encontra dificuldade para estacionar o seu carro. Há aproximadamente seis meses, ele entrou em contato com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e solicitou a retirada desses veículos, mas não teve retorno.
– Está virando um cemitério de carros. Alguns estão com vegetação crescendo nas rodas, de tanto tempo que estão lá. São vagas de estacionamento que não podem ser usadas por mim, pelos moradores e até por quem visita o bairro – conta o analista de sistemas.
A solução do problema pode demorar. De acordo com o órgão, caso os veículos estejam em local onde é permitido estacionar, o procedimento a ser tomado obedece a lei municipal 10837/2010 – que ordena a remoção de veículos abandonados das ruas de Porto Alegre. Já os carros que estão em vagas onde não é permitido estacionar, em característica de abandono ou não, são autuados e guinchados no momento da verificação.
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No primeiro caso, os agentes vão até o local, verificam se o veículo tem portas danificadas, vidros quebrados etc. Se o abandono for confirmado pelo fiscal, ele preenche um formulário, retorna após 30 dias e notifica o proprietário. Caso, ainda assim, o carro permaneça em via pública, ele é guinchado e levado ao depósito da EPTC.
O taxista Jorge Gonçalves, 58 anos, trabalha há 10 anos no ponto da General Portinho, próximo à Rua dos Andradas, e relata que o cenário atual não é novidade:
–Sempre teve carros abandonados por aqui. A EPTC vem, tira os automóveis e depois de um tempo já aparece outro.
De acordo o órgão, os veículos abandonados na General Portinho pertencem a uma única pessoa, que já foi notificada pelo órgão para que retire os carros do local. Procurado pela reportagem, o proprietário não quis se manifestar.
Segundo a EPTC, desde janeiro de 2013, mais de mil veículos em situação de abandono foram retirados das ruas da Capital. A presença de carros abandonados, conforme informado pela EPTC, não é exclusividade da Rua General Portinho. Os veículos surgem em outros pontos da Capital também. Denúncias devem ser feitas por meio do telefone 156, indicando o local.