Em visita à empresa Cettraliq, investigada por relação com as alterações no cheiro e no sabor da água em Porto Alegre, o Ministério Público (MP) pediu à companhia que providencie a limpeza e a destinação dos resíduos ainda armazenados em um dos tanques para amenizar o odor no entorno do local. Mais de uma semana depois de ter as atividades suspensas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) por emissão de odores acima do estabelecido na licença de operação, o mau cheiro nas proximidades da empresa, semelhante ao verificado na água tratada nos últimos meses, continua forte.
Conforme a promotora de defesa do Meio Ambiente, Ana Marchezan, a central que trata resíduos industriais de cerca de 1,5 mil clientes terá até segunda-feira para dar um retorno sobre o que será feito para resolver o problema. Também no começo da semana, esgota-se o prazo estabelecido pela Fepam para que sejam entregues medidas para mitigar a emissão de odores ou para que a Cettraliq apresente um plano de desativação. Segundo a empresa, o material foi protocolado nesta sexta-feira. Até o fim da tarde, conforme a Fepam, ainda não tinha chegado ao setor responsável.
– Nós entendemos que o odor é causado pela Cettraliq. Só não sabemos bem qual é a substância que causa. Quanto à conexão plena com a questão da água, há indícios. Temos alguns indicadores analíticos (que apontam) nesse sentido – disse.
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Durante visita feita à Cettraliq na quinta-feira, MP e Fepam identificaram 2,3 mil metros cúbicos de resíduos depositados na Cettraliq. Para tentar amenizar o mau cheiro, além de pedir a limpeza do tanque de equalização, a Fepam deslacrou uma das bombas para que os fluentes armazenados pudessem circular até que recebam o destino adequado. A companhia que despejava o resultado do processamento de resíduos na casa de bombas da Trensurb segue proibida de receber, tratar e lançar efluentes no Guaíba.
Nesta semana, depois de mais de três meses de alterações, consumidores começaram a identificar uma melhora no sabor e no cheiro da água que sai das torneiras e chuveiros na Capital. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) confirmou que houve progresso, mas evitou relacioná-lo à interrupção das atividades da Cettraliq, que tem autorização para lançar efluentes tratados a apenas dois quilômetros do ponto de captação de água.
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A causa das alterações na água ainda não foi identificada, e pode seguir incógnita para os porto-alegrenses. Somente nesta semana, o Dmae avançou nas negociações com o laboratório que deve investigar novos parâmetros para tentar identificar a origem do problema – as primeiras análises não foram suficientes para explicá-la. E as amostras serão coletadas em um momento em que as condições da água na Capital estão mais próximas ao normal, o que pode comprometer os resultados.
Esperada para o início do mês, a realização de novos testes de substâncias poluentes na água do Guaíba deve ficar somente para a semana que vem, ou depois. Os pontos de coleta devem aumentar de cinco para 15 e incluir, além da Zona Norte, bairros como Menino Deus e a Ilha da Pintada. O contrato com a empresa já foi acertado, mas falta ainda fazer o pagamento e agendar a coleta. A análise deve levar de 10 a 15 dias úteis.