Uma imagem postada no Facebook levantou dúvidas sobre o futuro da Ponte dos Açorianos, monumento em fase de restauração no centro de Porto Alegre. Conhecida como Ponte de Pedra, ela aparece, na foto postada pelo usuário Ricardo Eckert, com o leito cimentado, sem vestígio justamente das pedras características.
"A Ponte de Pedra é TOMBADA. Mas para a atual gestão da prefeitura o patrimônio histórico é tratado como lixo.", escreveu o dono do perfil em uma postagem que comparava as fotos do monumento antes da restauração e durante o processo. Até a tarde desta quinta-feira, mais de 50 pessoas haviam compartilhado a postagem, muitas questionando se as pedras voltariam ao lugar de origem.
Para o coordenador da Equipe de Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc) da Capital, Luiz Antônio Custódio, no entanto, a suposição de que o leito da ponte poderia ser modificado é "estúpida":
– Como poderia passar pela cabeça das pessoas restaurar a ponte sem colocar as pedras no lugar? – disse, ao telefone.
Custódio explicou que as pedras foram retiradas por dois motivos: além de estarem dispostas de forma irregular por conta do desgaste natural pelo uso, a ponte continha infiltrações que precisavam ser sanadas antes de recolocar as pedras no lugar. Segundo ele, técnicos fotografaram e marcaram cada pedra com tinta para que a parte exposta fosse reconhecida na hora de colocá-las de volta. Pedras que não faziam parte da ponte original, construída no século 19 – colocadas em outras reformas – devem dar lugar a exemplares retirados de trechos de pavimento que não fazem parte da ponte, mas contêm o mesmo material.
O restauro da Ponte de Pedra, iniciado em janeiro, está em fase final. É provável que a conclusão, prevista para julho, ocorra no segundo semestre. Faltam mais uma camada de impermeabilização no contrapiso, a recolocação das pedras, o reboco e a pintura da ponte para que ela possa ser devolvida à comunidade.
– As execuções a céu aberto sempre dependem do clima, além da disponibilidade de materiais. A obra deve avançar, mas não muito. O principal já foi feito – explica Custódio.